quinta-feira, 30 de setembro de 2010

O passeio público

Acredito que os especialistas em comportamento humano (supondo que esta especialidade existe) saibam dar uma explicação.
Certo é que não me recordo de uma vez em que tenha estado neste local por mais de uma hora sem que tenha assistido ao que aqui se vê, neste ou noutro grau: manifestação de afecto.
Entre crianças, entre adolescentes, entre adultos, entre idosos, no cruzamento de qualquer um destes grupos, certo é que, aqui, as pessoas se beijam fraterna ou apaixonadamente.
O local nem sequer será, digo eu, o mais propício a tal: um passeio largo, na berma de uma artéria com bastante movimento, onde a intimidade ou privacidade é difícil de encontrar. Mais ainda: do outro lado da via encontra-se uma igreja, que sabemos não ser muito permissiva ao que aqui se vê. E, nas costas do fotógrafo, uma esplanada muito concorrida, onde, pela certa, algum conhecido destes ou de quaisquer outros dois poderiam testemunhar o acto.
Mas certo é que aqui, enfim, mais ou menos uns vinte ou trinta metros, é facílimo de assistir a situações destas.
Para quem se sentir mais em baixo, menos de bem com o mundo ou com menos fé nos Homens, sugiro que venha até aqui, à estrada de Benfica, junto à igreja, no largo fronteiro ao café Nilo, e por aqui se deixe ficar, na esplanada ou nos parcos e concorridos bancos de madeira que a autarquia instalou.
Acredito que, em passando uma hora ou semelhante, daqui saia com um pouquinho da felicidade e afectos a que poderá assistir.
Assim como que ir a banhos no passeio público.

Texto e imagem: by me

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