terça-feira, 3 de junho de 2014

De noite



Aquele fulano estava de viagem tarde na noite e começou a ficar mesmo cansado.
Entrando numa pequena vila, viu uma pensão e decidiu dormir ali umas horas antes de prosseguir.
Quem o atendeu, com cara de sono, disse-lhe que sim, havia quartos, mas que ele tivesse cuidado: os demais hóspedes eram gente de trabalho, que se levantavam cedo e haveria que respeitar o silêncio.
Claro que sim, que ele mesmo queria dormir também. E subiu ao quarto.
Ao despir-se, podre de sono, escorregou-lhe uma bota que caiu no chão. Ruidosamente, no silêncio da noite e no sobrado de madeira.
Cautelosamente, tirou a outra bota e deitou-se.
Estava já naquele estado que ainda não é sono mas já não é vigília, e batem fortemente na porta do quarto. E alguém lhe atirou, do outro lado:
“Oh amigo! Tire lá a outra bota que estamos à espera disso para dormir!”


A noite passada a primeira soca da vizinha de cima tirou-me do sono. Mas não tive que esperar muito para ouvir a segunda. Tive sorte.

By me 

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