Porque
é que eu tenho tamanha aversão às competições desportivas, futebol incluído?
Exactamente
porque se trata de “competição”!
Do
berlinde de rua ao futebol mundial, interessa estar em competição, em ser-se
melhor que o outro, em ser-se o primeiro. E, como me disse um jornalista uma
ocasião, fazendo uma citação já não sei de quem, o segundo classificado é o
primeiro lugar dos últimos.
Não
importa se se corre muito! Não importa quão certeiro é o pontapé! Não importa a
altura da fasquia saltada!
Importa,
antes sim, ser mais rápido que, mais certeiro que, ir mais alto que!
A
competição desportiva é combate, é luta, é violência, é assumir a supremacia sobre
os demais. É vencer os outros.
Em
última análise, faltam apenas as armas (e nalguns casos não faltam) no terreiro
da competição.
Por
mim, o que importa é ser melhor hoje do que fui ontem. Melhor que eu mesmo, ir
mais longe do que fui, saltar mais do que saltei, ser mais certeiro do que fui.
As
únicas competições que aceito são comigo mesmo, nunca mas nunca usando outros
como adversários mas tão só como exemplos. Não fazer como ele faz mas sim como eu
sou capaz de fazer: melhor todos os dias.
E
se hoje fui mais longe, ganhei o único campeonato em que aceito participar:
comigo mesmo!
As
competições desportivas (ou outras) são a forma como a maioria sublima as suas
frustrações, a sua incapacidade de se melhorar um pouco todos os dias, e a
forma de alguns espertos e bem sucedidos empresários ganharem rios de dinheiro à
conta do esforço, alegrias e tristezas dos demais.
O
poder, esse, alimenta e alimenta-se disso. Que enquanto se discute, chora ou
exulta com o esforço do atletas profissionais – ídolos que pela populaça dão o
corpo ao manifesto -, vai a elite mantendo o seu lugar, com privilégios e capacidade
de decidir e influir sobre a vida de cada cidadão.
O
meu único adversário sou eu. E é só com ele que compito.
By me
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