Quando
acordei, marcava o relógio uma e pouco da manhã.
Ainda
no escuro, e aconchegando-me, perguntei-me: “Que raio?”
Não
tinha ainda dormido tudo, sentia-o, o corpo não me pedia nenhuma urgência, não
me cheirava a queimado… “Que raio!?”
Eram
mesmo raios. E trovões. E fora um destes, suponho, que me acordara.
Levantei-me
e fui espreitar à janela. Adoro ver trovoada, que me reduz à minha insignificância
perante a natureza.
Mas
àquela hora não me apetecia muito. Até porque se começara seca, logo passou a
copiosa chuva, bem vertical porque sem vento. Grossa, de se ouvir bater na
chaparia dos carros.
“Não
quero disto”, comentei com o meu umbigo, que não trazia botões. E voltei p’ra
cama.
Tempo
depois voltei a acordar.
A
luz entrava, coada, pelas persianas. Fraquinha mas continua. E o corpo pedia
acção. Semi-urgente. Satisfi-lo e espreitei de novo pela janela.
O
céu estava escuro, pesado. E chovia. Não copiosamente como antes, mas chovia desapetecidamente.
Convidativo a qualquer actividade que não vertical.
Ainda
cirandei um nico p’la casa, satisfazendo alguma curiosidade mundial ou social,
mas continuei a não querer. O tempo lá fora incomodava-me de sobremaneira. E
voltei para a cama. “Pode ser que passe!”
Quando
voltei a acordar, a parede em frente a mim tinha riscas aos quadradinhos pronunciadas.
Apetitosas. Convidativas.
Saltamos
– eu para um lado, as cobertas para o outro – e fui verificar.
“Certo!
Esta noite sonhei com mau tempo! É o que faz ir para a cama quase logo a seguir
a jantar.”
By me
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