segunda-feira, 23 de junho de 2014

Pesadelos



Quando acordei, marcava o relógio uma e pouco da manhã.
Ainda no escuro, e aconchegando-me, perguntei-me: “Que raio?”
Não tinha ainda dormido tudo, sentia-o, o corpo não me pedia nenhuma urgência, não me cheirava a queimado… “Que raio!?”
Eram mesmo raios. E trovões. E fora um destes, suponho, que me acordara.
Levantei-me e fui espreitar à janela. Adoro ver trovoada, que me reduz à minha insignificância perante a natureza.
Mas àquela hora não me apetecia muito. Até porque se começara seca, logo passou a copiosa chuva, bem vertical porque sem vento. Grossa, de se ouvir bater na chaparia dos carros.
“Não quero disto”, comentei com o meu umbigo, que não trazia botões. E voltei p’ra cama.
Tempo depois voltei a acordar.
A luz entrava, coada, pelas persianas. Fraquinha mas continua. E o corpo pedia acção. Semi-urgente. Satisfi-lo e espreitei de novo pela janela.
O céu estava escuro, pesado. E chovia. Não copiosamente como antes, mas chovia desapetecidamente. Convidativo a qualquer actividade que não vertical.
Ainda cirandei um nico p’la casa, satisfazendo alguma curiosidade mundial ou social, mas continuei a não querer. O tempo lá fora incomodava-me de sobremaneira. E voltei para a cama. “Pode ser que passe!”
Quando voltei a acordar, a parede em frente a mim tinha riscas aos quadradinhos pronunciadas. Apetitosas. Convidativas.
Saltamos – eu para um lado, as cobertas para o outro – e fui verificar.
“Certo! Esta noite sonhei com mau tempo! É o que faz ir para a cama quase logo a seguir a jantar.”


By me

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