Espreito
p’la janela e constato que o primeiro dia de Verão começa assim: farrusco, com
uma aragem que, gentilmente, me impede o meu hábito despudorado de cuscar o dia
como saí da cama. Em regra, nuzinho da silva.
Não
será isto, no entanto, que me impedirá de fazer a minha celebração. Que hoje é
dia de celebração. Argumento eu, apesar dos olhares irónicos ou de desistência intelectual
de muitos, que hoje é um dos quatro feriados mundiais.
Não
importa a cultura, o tempo, a geografia. O dia de hoje – Solstício – acontece em
todos os recantos do planeta. O de Verão no hemisfério norte ou de Inverno no
hemisfério sul, o outro Solstício em Dezembro, oposto a este, e os Equinócios,
da Primavera e do Outono, em Março e Setembro.
E
estas datas e a sua importância têm sido reconhecidas em tudo quanto é sítio e
através dos tempos, mesmo muito antes de a civilização humana ter aprendido a
escrever. O mais curto, o mais longo e os iguais foram tão importantes em
tempos de antanho que, mesmo sem engenhos complexos, os nossos antepassados
lhes ergueram monumentos bem complexos. Uns aqui, outros ali, mas sempre
referenciando os quatro principais dias do ano. Os feriados mundiais.
A
importância tem sido tal, ao longo dos milénios, que muitas foram as teologias
que se apropriaram das datas, transferindo para elas outros significados que não
os da rotação e translação terrestre.
E
não nos enganemos: ainda o Homem não era sequer um projecto de vida e já os Solstícios
aconteciam; quando do Homem já nem a memória existir, e os Equinócios continuarão
a acontecer.
Portanto:
se alguma data importante existir, esta é uma delas. Que eu tenciono celebrar,
na exacta medida da minha insignificância ou enormidade nesta coisa complexa a
que chamamos de Universo.
By me
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