terça-feira, 17 de junho de 2014

Humilhação



É sabido por quem me conhece de perto ou só virtualmente que eu e bola não ligamos. Ela não me diz nada e eu não lhe passo cartão, seja de que cor for.
No entanto, não posso deixar de prestar alguma atenção ao fenómeno.
Intitulando-me fotógrafo (e não tenho a certeza de o ser) tenho que me debruçar um pouco que seja sobre o que me cerca, o que faz mexer a sociedade em que existo. Não o fizesse eu e mais não seria que um fotocopiador.
É assim interessante ver como as questões envolventes ao futebol são comentadas ou discutidas. A organização de substantivos, verbos, advérbios, adjectivos e outras formas de verbalizar ideias e relativizar valores.

Convenhamos que o resultado do jogo Portugal-Alemanha não foi nada lisonjeiro para as cores verde e vermelha. Quando eu era puto e jogava à bola nos passeios, dizia-se que um resultado destes entre equipas equivalentes era “uma grande abada”.
A comunicação social usa um outro termo, bem em linha com a competição bélica que é o futebol: “humilhação”. Que perder todos perdem aqui ou ali. Agora por esta diferença e sem mesmo conseguir marcar um golinho de honra… Humilhação.
Seria este o termo que esperava encontrar em jornais ou televisões, já que banalizado na boca dos especialistas, escrevinhadores ou palradores.
Erro meu.
Usada e abusada a expressão para outros encontros entre outras equipas com resultados semelhantes, não foi usada para Portugal. Que, de facto, levou uma grande abada!

Suponho que jornalistas e comentadores-de-mão cheia reservem a expressão “humilhação” para aquilo que se passou entre Portugal e a Troika, com o dinheiro emprestado a embrulhar não muito discretamente a imposição de alterações à sociedade portuguesa, queira-as ou não o povo Português.
Isso sim, é uma humilhação!
Agora num jogo de bola, quatro secos não é mais que uma grande abada!

 By me

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