Enquanto ele a ia
fritando, íamos os dois cavaqueando. Vantagens de já nos conhecermos daquele
lugar e desde o último natal. E de ter ele por primo um colega meu, descoberta
fortuita em conversa equivalente: ele lá dentro de volta delas, eu guloso à
espera delas.
E o tema versou as
despesas, o custo da licença e mais do combustível e mais da energia no gerador
e mais do gás e mais da matéria-prima…
O desfiar normal
de queixas de quem está a viver em crise e depende da gulodice dos outros para
sobreviver.
E continuou:
“Quando era
pequeno, eram duas semanas em cada escola: a feira era aqui e eu ia a esta, a
feira era ali e eu ia àquela, a feira era acolá e eu ia à outra…
Quando acabei a
quarta classe, disse-me a minha mãe que já sabia muito e que era tempo de
ganhar a vida. E fiquei assim, feirante toda a vida.”
E, enquanto elas,
já retiradas do óleo fervente, eram cortadas nos tamanhos certos, perguntei eu
meio a medo:
“E você era de
longe de Lisboa?”
“Não! Nem pense! Era
ali da Charneca do Lumiar, em Lisboa.”
Paguei o euro da
tabela e afastei-me a degustar aquela fartura, com um toque raro que desconheço
mas que recomendo.
E a pensar na
ironia de haver quem tenha uma vida tão amarga e que tanto adoce a dos outros.
Sempre com um sorriso!
By me
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