sábado, 6 de abril de 2013

De madrugada




O corpo prega-nos destas partidas, que achamos primeiro de mau gosto, mas que acabamos por aplaudir.
Acordo estupidamente cedo. Ainda sob as cobertas, olho para o relógio e penso “Que raio! P’ra quê acordar a esta hora quando não tenho nada previsto p’ra ela? Mas, e já que estou acordado e bem acordado, tiremos partido dela.” E tirei-me da cama!
Passagem breve, habitual, p’la casa-de-banho, e passagem, não tão breve e igualmente habitual, p’las gordas dos jornais on-line. Porque, e que diabo, durante a noite e enquanto eu dormia, algo de bom poderia ter acontecido. Não tinha!
Conformado, fui tratar do estômago, que nem só a alma tenho que alimentar.
E, enquanto o café passava de pó a líquido, espreitei p’la janela. O breu previsível da noite só era entrecortado p’las luminárias públicas, uma aqui, outra ali, que serviriam p’ra mostrar o caminho se alguém a essa hora ali andasse. Não andava.
Com o caneco já na mão, fui provar a aragem, sabendo que os meus pés semi-nus não iriam gostar muito da coisa, mas querendo saber aquilo que me esperaria. Delícia!
A aragem era mesmo só isso, aragem e bem fresca, as luminárias apagaram-se porque realmente inúteis, no céu surgiam os primeiros vestígios de que a terra ainda gira em torno do sol e os pássaros celebravam isso mesmo e mais qualquer coisa que não entendi.
Por uns momentos apenas eu e a natureza ali estivemos, ela exibindo-se e eu desfrutando-a, sem que mais ninguém do bairro manifestasse a sua presença.
Depois… depois as cores foram mudando, lá de baixo os pés falaram mais alto e recolhi-me, aconchegando o estômago com o calor do café.
Que a alma, essa, ficara cheia, quentinha e alegre, que é como deve começar o dia.

By me