quinta-feira, 5 de junho de 2008

O elo 2


Sobre o assunto das comunidades índias encontradas e fotografadas no Amazonas profundo e que, supostamente, ainda não tiveram contactos com o “homem civilizado”, há ainda outro aspecto a considerar:
A atitude de manutenção do isolamento destas tribos que as autoridades brasileiras, bem como algumas ONG querem manter.
Para sustentar esta política, é argumentado que se devem manter as suas civilizações como estão, não permitindo que sejam “conspurcadas” com a dos restantes seres humanos. É também usado o argumento que estas comunidades não estão imunes a muitas das doenças típicas da nossa civilização e que um contacto entre ambas poderia ser fatal para eles.
Ambos os argumentos são falaciosos, se examinados à luz da cultura e civilização do séc. XXI!

No tocante às doenças, pela certa que o conceito de vacina existe há muito, bem como o de medicamentos paliativos e curativos. Bastaria um cuidado científico aturado nas relações inter-civilizacionais para que a questão fosse minimizada, senão neutralizada.
Já quanto à mistura cultural e da preservação destas comunidades, é uma atitude que prima por antítese das práticas actuais.
Em tudo quanto é zona do globo, nações, países, culturas influenciam-se reciprocamente, tentando que, de alguma forma, cada uma se sobreponha às restantes. E exemplos não faltam: desde a língua, com a quase universalidade da Inglesa, às religiões e respectivos conflitos, passando pela troca de culturas e sua aproximação que advém do uso das auto-estradas da informação.
Indo ainda mais longe, não faltam exemplos nos últimos lustros, para não recuar muito, de civilizações que se impuseram pela força das armas sobre outras, neutralizando ou quase as menos fortes. E quase sempre com o argumento da defesa dos direitos do Homem, ou do conceito de igualdade, democracia ou de auto-determinação: Países, e comunidades têm sido alvo de intervenções armadas, por parte de países ou comunidades internacionais ou não, com o resultado de os vencidos perderem parte das suas características civilizacionais em favor das dos vencedores.
Europa, África, Ásia, Américas e mesmo a Oceânia não têm escapado a estas guerras frias ou quentes ou meramente económicas, às tentativas de impor a uns as formas de vida e organização social de outros.
Claro está que este comportamento dos poderosos sobre os demais não pauta apenas por motivos ditos nobre ou humanitários. Outros há que, encapotados, ditam a existência ou não de intervenções e das suas profundidades. Veja-se o que acontece em algumas zonas africanas ou do médio-oriente.
Assim, as atitudes das autoridades do Brasil, bem como as de algumas ONG, que defendem a manutenção do isolamento daquelas tribos ditas “selvagens”, não são consentâneas com o comportamento generalizado dos países e comunidades internacionais.
Ou talvez esteja, já que, que se saiba, naquela zona não existe petróleo, gás natural, ouro ou qualquer outro bem da natureza, precioso e cobiçável. O único que é disputado é a madeira e o terreno para cultivo. Mas como nem uma nem outro são rentáveis para as autoridades ou são passíveis de disputa ideológica, não merecem a tenção de outros locais ou povos.


Texto e imagem: by me

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