A
notícia é, a todos os títulos, caricata!
Um
cabeleireiro londrino exibiu um cartaz com a imagem de Kim Jong-un, usando-a
para ilustrar uma promoção de descontos em cortes de cabelo masculinos.
Foi
visitado por diplomatas que lhe exigiram que o cartaz fosse retirado, foi feita
queixa na polícia sobre o cartaz e, cereja no topo do bolo, foi enviada uma
carta com esse mesmo pedido, por parte da embaixada Norte-Coreana para o ministério
dos negócios estrangeiros Britânico.
E
tudo isto é tanto mais caricato quanto o cartaz – imagem e texto – em nada são
ofensivos para ninguém: nem o país nem o representado na imagem.
O
que é realmente triste na notícia é que o jornal que mo conta – o Diário de Notícias
– fazer questão de se referir à Coreia do Norte como “país comunista”.
Tristes
atavismos! Recorda-me, muito tristemente, o tempo em que se dizia que os comunistas
comem criancinhas ao pequeno-almoço. Ou quando a palavra “vermelho” era obrigatoriamente
substituída por “encarnado”. Ou ainda tudo aquilo que foi abolido em ’74, e que
iremos celebrar muito em breve.
O
jornalista que assina o artigo, Ricardo Simões Ferreira, nasceu (parece-me)
depois de ’74. Não conheceu, e ainda bem, o que era o lápis azul e tudo aquilo
que tinha que ser feito para que os artigos lhe escapassem.
Mas
deveria saber – que a sua profissão assim o exige – que confundir ideologias
com práticas é demagogia, que fazer valer as suas opiniões num artigo de jornal
e sem ter vivido a situação relatada é má prática jornalística e que é exigido
ao seu mister muito mais cuidado e respeito pela ética que à maioria dos cidadãos.
Não
defendo eu o regime daquele país, do qual sabemos ser uma ditadura. Ou de
qualquer outro onde tal suceda.
Mas
espero, sinceramente, que um próximo artigo assinado por este senhor – ou publicado
naquele jornal – e sobre um qualquer outro país, que nos diga se se trata de um
país capitalista, se de uma social-democracia, de uma monarquia, se de uma república,
se de uma oligarquia…
Como
remate, e a título de curiosidade, sempre gostava de saber se o carro deste
senhor é vermelho ou encarnado.
By me
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