Numa
exposição de fotografia expõem-se três coisas:
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As fotografias elas mesmas – o papel, a prata, os corantes, as molduras;
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O que estava à frente da câmara no momento do clik – as pessoas e os lugares,
as luzes e as sombras, as cores e as manchas;
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As opções do fotógrafo – perspectiva, enquadramento, momento decisivo, suporte
e dimensões, tema, e, implicitamente, os seus sentimentos.
Mas
há uma quarta coisa que ali é exposta e que também é manipulada por quem expõe:
o público.
Raramente
o público aborda uma fotografia pelo que ela mostra, seja o que for. Não se
deixa levar pelos eventuais pensamentos ou sensações que ela produz. Quer
sempre mais. E mais. Não aceita a velha frase “uma imagem vale mais que mil
palavras!”.
E
vai à procura de palavras. Aquelas que estão em letras pequeninas numa pequena
legenda em baixo ou ao lado.
Só
mesmo depois de ler o que lá consta, mesmo que seja “sem título” é que se
afasta um pouco para ver a fotografia. Tem que ter uma explicação. Tem que ser
guiado na leitura da imagem.
Pela
parte que me toca, tenho uma abordagem diferente nas exposições.
Dou
sempre pelo menos duas voltas.
Uma
primeira para apreciar cada imagem pelo que ela é. O que me conta. De que forma
os meus sentidos reagem à forma e ao conteúdo. O que me recorda e como me
surpreende.
Faço
uma leitura sem letras, deixando que as minhas emoções venham à tona, sem guia
nem preconceito.
Depois
dou uma segunda volta, lendo então as legendas, tentando fazer uma correlação
entre o que senti na primeira abordagem e aquilo que me querem levar a sentir
com as legendas: tal lugar, tal acontecimento, em tal data. Por vezes sou
surpreendido, para melhor ou para pior conforme os casos.
E,
se tenho tempo, dou ainda uma terceira volta. Com a mesma duração, mas com menos
paragens. Fico-me nas que mais me atraíram a degustar em profundidade.
Mesmo
que não faça sentido!
Legenda:
isto é uma retina. A minha retina.
By me
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