Eh
pá! Hoje é Domingo, 27 de Abril e são oito da manhã.
Ao
contrário de ontem, que foi Sábado, o dia acorda sorridente e luminoso.
Frescote mas sorridente e luminoso.
E,
ao contrário de anteontem, que foi sexta-feira, nada há a celebrar.
Enfim,
alguns celebram porque estão vivos, outros celebram porque é domingo, outros
ainda celebram porque o sol se mostra bonito. Mas, fora isto – que é importante
– nada mais há a celebrar ou recordar.
Continua
a ser escasso, se algum, o dinheiro para comer ou vestir, continua a ser difícil
aceder a cuidados de saúde, continua a ser cada vez mais difícil o pensar-se
num futuro condigno para os filhos, continua a ser torpe a “lisura” da (in)formação,
continua a estar em cima da mesa a carta de despejo… Continua, pá!
Anteontem
foi bonita a festa! Os que o viveram, recordaram; os que o não viveram,
celebraram. Foram as multidões, os desfiles, os discursos, as bandeiras, as
evocações.
E
hoje, pá? Tens um futuro em vista que te faça sorrir?
Se
para alguma coisa servem as celebrações, para além de alegria, é para
aprendermos com o passado. E é bom que tu, pá, penses no que fizeste ou
deixaste fazer para que, nestes quarenta anos, passasses de um acreditar no
futuro para um apenas celebrar o presente “inevitável” que construíste.
E
não me digas que a culpa é deles, pá: a mão é tua! A que segura o cravo, a que
empunha a bandeira, a que bate palmas.
Mas
pá: também é tua a mão que se confina nos bolsos, que prime as teclas, que não
segura a coronha.
Daqui
por dez anos queres celebrar cinquenta ou dez? Ou nem isso, pá?
By me
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