É um fenómeno que
nada tem de novo.
Os portugueses
cedo adquiriram o hábito de fazer dos centros comerciais os seus centros de
encontro.
Vieram eles
substituir a praça pública, quer fosse no largo da igreja, quer fosse no
terreiro de festas, quer fosse mesmo em frente do tasco. Os centros comerciais,
com as suas montras, zonas de restauração e de lazer (pagos, naturalmente)
vieram desde há muitos anos a transformar-se num local público.
Mas apenas para os
portugueses, ávidos da modernidade e consumismo.
Outros cidadãos
que por cá residem não o fazem. Alguns continuam a usar o espaço realmente
público como local de encontro, de troca de ideias, referências nas vivências.
Um deles, nas
zonas suburbanas, são as estações de caminho-de-ferro. As novas, entenda-se.
Servem elas de
zona de atravessamento da linha sendo, portanto, considerado espaço público e
aberto todas as horas do dia. E possuem, como esta, bancos como sala de espera,
avisos, telefones, relógio… um pouco como acontecia no largo da igreja ou em
frente à tasca.
Este centrar o
convívio nestes locais é maioritariamente praticado por oriundos do continente
africano. Talvez porque não há recursos para compras; talvez porque a vida de
rua é uma tradição; talvez por ser um local neutro por um lado e territorialmente
definido por outro.
O que se torna
estranho, nos tempos que correm, é ainda ver os telefones aqui colocados em
funcionamento. O recurso aos telefones moveis é generalizado e, mesmo que falte
para outras coisas, o saldo telefónico mantém-se. Mas estes postos públicos
continuam e em bom estado de funcionamento, mesmo que vão sendo retirados das
ruas e esquinas.
E no meu bairro se
os de rua raramente têm uso, já estes…
pelo menos umas duas a três vezes por semana os vejo a ser usados, no escasso
tempo de passagem quando vou ou regresso do trabalho.
Ao contrário de
algumas correntes em moda na Europa e por cá, a miscigenação é uma mais valia
para todos. E o voltarmos a ter e a usar locais públicos à margem de consumos e
pagamentos é excelente.
Nota extra do
fotógrafo: a dificuldade nesta imagem não foi nem a luz nem a perspectiva. Foi
conseguir um momento em que ninguém estivesse em campo.
By me
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