terça-feira, 21 de junho de 2016

Daquelas coisas



E porque as ideias são como as cerejas e porque alguém puxou o tema, eis um episódio que vivi com alguns alunos, há já um bom pedaço de tempo.
A escola decidiu passar a fazer constar do currículo um módulo de história da fotografia. Decisão tomada “assim a modos que de repente”, a meio do ano e válida para todos os anos dos cursos. Incluindo o terceiro, ano final, em que parte alunos estavam mais preocupados com as diversas vertentes do vídeo e como fazer a prova final que com a fotografia, discutida e posta de parte no já distante primeiro ano.
Tocou-me em sorte o módulo e a decisão, ainda que contestada por mim, impunha-se e havia que a cumprir.
Optei por levar o módulo para os finalistas em modo “levezinho”, tentando que fosse tão apelativo e simples quanto o possível. E recorri até à exaustão ao que na altura era novidade para a esmagadora maioria: as tecnologias de informação e as imagens digitais.
As aulas eram passadas a ver e discutir fotografias que eu digitalizava em casa a partir de livros e ali projectava com o raro projector de vídeo que tínhamos. Outros tempos!
Na aula da penúltima semana entreguei a cada um uma disquete. Nela constavam quatro fotografias e um pequeno texto em que pedia para identificar autor, corrente estética, geografia e condições técnicas… Com a informação final de que poderiam consultar o que quisessem.
Aquilo era a avaliação do módulo e teriam que me entregar o trabalho oito dias depois. Melhor que isto…
Melhor que isto só mesmo o facto de todas as imagens estarem na biblioteca da escola e que três delas haviam sido discutidas em sala. Esta incluída.

No prazo previsto todos me entregaram o trabalho impresso. Quatro fotografias, quatro respostas, todas certas.
No caso específico desta imagem, de Man Ray, identificaram correctamente o autor e o que mais sobre ela perguntava, sendo que haviam encontrado um texto na net bem explicativo.
Só que a página era em Inglês e não tiveram a coragem de fazer copy/past sem mais. E passaram-no por um tradutor automático. O mesmo texto para todos, sem o reverem ou alterarem um nico de uns para os outros, só para disfarçar.
Como consequência, o autor da fotografia passou a chamar-se, neste trabalho, “O raio do Homem”.

Depois disto, quem tem a coragem de dizer que eu sou um mau tipo, se souber que não bati em nenhum dos alunos?


By me

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