domingo, 19 de junho de 2016

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Ontem aconteceram em Lisboa duas manifestações. Não sendo inédito, é coisa rara e só me recordo de outra nos tempos recentes: quando o programa de governo do segundo de Passos Coelho foi chumbado, dando origem ao actual, e em frente da Assembleia da República se juntaram apoiantes e contestatários de uma e outra ala parlamentar.
No caso de ontem, uma aconteceu sob o lema de “Em defesa da escola pública”. Para quem não saiba, surge ela como resposta de apoio à decisão governamental de terminar contratos estatais com escolas privadas em locais onde a escola pública tem a oferta de educação que se espera que tenha, de acordo com a Constituição.
A segunda, tendo acontecido a uns 500 em linha recta da primeira, não terá o nome formal de “manifestação”. Os seus organizadores preferem usar o nome “Marcha do orgulho LGBT”. Existe ela, anual e regularmente, para reivindicar perante a lei e as mentalidades o direito à igualdade, seja qual for a orientação sexual ou a forma de afecto.
Interessante será de notar que quando a primeira manifestação tiver sucesso e conseguir que a escola pública chegue a todos e fazer passar a todos o direito à igualdade entre seres humanos, seja qual for a sua condição, a segunda deixará de fazer sentido. Pois nessa altura as diferenças serão consideradas como normais e as orientações sexuais de cada um em nada condicionarão o seu lugar na sociedade. Tal como as diferenças de pele, de credo, de condição física, de origem…

No dia em que a escola pública faça chegar a todos os jovens o sentir e saber que somos todos diferentes porque todos iguais, as duas manifestações de ontem serão anacrónicas.

By me 

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