segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Não sou!



Eu não sou fotógrafo!
Não no sentido que por cá se usa.
Desde logo porque não vendo o que faço, não estou no mercado. Faço o que faço porque me apetece, porque tenho prazer nisso e não para satisfazer um qualquer cliente cujos conceitos estéticos podem ser uma “ofensa” aos meus, mas que me obrigariam a cumprir.
Depois porque faço muita questão de não alardear se sou ou não bom. Sou o que sou, fazendo o que faço à medida daquilo que sou capaz. Não preciso – melhor: não quero – entrar em competição com outros, afirmando-me “melhor que” ou definindo este ou aquele “pior que”. A única competição que aceito (e vou a todas!) é comigo mesmo, tentando a cada coisa ou fotografia que faço ser melhor que na anterior. Não melhor que o trabalho de outros.
Se tenho referencias ou ídolos na fotografia? Tenho sim senhor! Alguns fotógrafos há que me inspiram, cujo trabalho me faz inveja. Tanto pela criatividade demonstrada como pela perícia com que o fazem. Nesses vou beber como na fonte, tentando que com o que com eles aprendo ir eu mesmo mais longe no meu próprio caminho.
Mas recuso liminarmente a competição técnica, estética ou comercial. E faço muita questão de não andar a alardear as minhas eventuais qualidades. Sou o que sou e ponto final, sem comparações ou competições.
E, neste país de aparências e ilusões, onde certificados, diplomas e egos gigantescos contam mais que trabalho feito e investimento pessoal, eu não sou fotógrafo!
Talvez photógrapho, mas certamente que não fotógrafo!

Portanto, se me virem na rua, a bater uma chapa ou simplesmente carregando a minha tralha nas costas, por favor não me venham perguntar se sou fotógrafo. Com um pouco de sorte, e se estiver bem-disposto, ouvir-me-ão responder que, com uma câmara na mão, dificilmente estarei a vender pneus!


Texto e imagem: by me

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