domingo, 6 de fevereiro de 2011
Com fotografia e bolos se enganam os tolos
E pronto! Fiquei a saber que também há cursos de fotografia de férias!
Praça do Comércio, num sábado ensolarado. Numa das pontas dois velhos eléctricos quase pioneiros, um fazendo as vezes de bilheteira, o outro preparado para levar os turistas pela cidade velha. O que se torna triste, já que o transporte colectivo realmente ecológico acaba por ser atracção turística. Sinais dos tempos e das crises.
Junto a eles um grupo, de câmara em punho, ia fotografando. Confesso que não resisti. Tinha eu saído de casa preparado para mais umas da minha série “se eu fosse mais alto”, há algum tempo adormecida, e as bandeirolas eram apetitosas.
E lá fiz eu a minha figura de tolo, de monopé esticado e bem levantado, com a câmara de bolso lá no alto, tentando fazer alguma coisa de jeito. Não fiz!
O que fiz, isso sim, foi chamar a atenção daqueles que ali estavam para o que fazia, a ponto de um deles se meter comigo: “Isso é que é fazer enquadramentos incomuns!”
E ficámos um pouco à conversa. Tratava-se de uma sessão fotográfica colectiva, uma aula ao que me pareceu. E, claro, aproveitei e dei umas dicas disto e daquilo, em particular com a minha “corrente de autoclismo”.
Fiquei incomodado com algum pedantismo por parte do professor quando corrigi a forma de segurar a câmara de uma das moças. Estava ela de asinhas abertas, mesmo a pedir fotografias tremidas. E quando lhe expliquei que os braços devem ficar para baixo, atirou-me ele: “Pois, essa é a forma de segurar uma Leica!”
Uma Leica o tanas! Que as fotografias ficam tremidas com Leicas, SpeedGrafics, Linhoffs ou Nikons topo de gama. Recorrendo a uma expressão de um velho companheiro e mestre, só há dois tipos de fotografia: feitas com tripé e tremidas!
Mas o melhor não foi isto ou o eles acharem-me suficientemente pitoresco para me fazerem de modelo fotográfico de momento. Foi mesmo quando lhes perguntei a que escola pertenciam e ouvi:
“Isto é um Workshop sobre fotografias de férias, promovido por uma agência de viagens. Sabe, eu sou fotógrafo.”
Fiquei assim a saber que há oportunidade de negócios em tudo quanto é actividade. Desde que haja tolos para pagar e pedantes para cobrar.
Vim-me embora, deixando-os a fotografar em contra-luz e sem pára-sol, a não saberem o que é estabilizador de imagem das câmaras que possuíam e a desperdiçarem o seu dinheiro.
Texto e imagem: by me
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