domingo, 17 de agosto de 2008

Na noite


Às nove e meia já lá estava!
Tendo aprendido com a experiência anterior (e porque não tenho o equipamento disponível de momento) fiquei-me por uma esquina da rua onde não tinha candeeiros a incomodar e, se fosse caso disso e chovesse, poderia proteger-me com facilidade. Mas os binóculos iam na mão, com o firme propósito de os usar – caricato, isto de usar binóculos quando só se vê de um olho! – e de tirar o máximo proveito do eclipse parcial da Lua.
As nuvens, como de costume, iam tapando e destapando o fenómeno, mas ainda dava para o ver e constatar, ao vivo, os movimentos dos astros e as influencias que uns provocam nos outros.
Acredito que os selenitas fiquem de igual forma a olhar para o céu, vendo a deshoras ficarem sem a preciosa luz do sol. Tanto mais que, por lá, quando faz sombra faz igualmente um frio de rachar.
Estava eu, portanto, na esquina da rua, já mais perto da dez que das nove e meia, a olhar para o céu e para a lua através das lentes, quando oiço uma voz exclamar: “Olha para aquele, de binóculos para o céu!
Olhei em redor e tratava-se de duas mocinhas, aí dos seus 14 anitos, que transitavam a caminho da casa de uma delas.
Levantando a voz para que fosse ouvido do outro lado da rua, tive que insistir para que viessem ter comigo e usufruíssem do que tinha na mão. Desconfiaram, a principio, que de onde estavam nada viam, mas acabaram por vir, mais pela estranheza da figura que pelo fenómeno astral.
E ali estivemos, uns bons vinte minutos, a espreitar à vez e comigo a explicar o que estavam a ver: a sombra da terra na lua. De como e em que circunstancias tal sucede. E, de entre as várias perguntas que foram fazendo, uma me ficou na memória: “Como é que sabe tudo isto?
Espero que tenham ficado a saber que, ao contrário do que parece, os jornais não falam apenas de política, sangreiras e futebol, que a internete serve para outras coisas também que não apenas para os chats e o sacar músicas e que o vetusto “Borda dágua”, que se vende nalgumas papelarias antigas e pelas mãos de alguns pedintes, tem indicações úteis deste estilo. Não lhes quis falar de Atlas ou de Enciclopédias, que são coisas que, para aquelas idades, só os cotas usam.
A única coisa que não conseguiram ver (nem eu) foi o tom avermelhado que a Lua assume nestes casos. Que as benditas nuvens que, nestas noites fazem questão de aparecer, não deixaram que se notasse.
E foi pena! Que, a ser verdade o que o site da NASA conta, os eclipses previstos para o ano que vem não serão visíveis aqui de Portugal.


Texto e imagem: me by me

Sem comentários: