sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Bruxedos e poções mágicas


Debatia-me eu com uns ensaios de composição, luz e símbolos.
Em pleno Parque da Liberdade, Sintra, procurava eu os vetustos fetos para contrapor, ou talvez não, com este relógio acorrentado.
Comigo tinha um tripé de iluminação com um braço-picota, de onde suspendia o contador de tempo, tentando coloca-lo por entre as folhagens.
Brincadeiras minhas, que nem sempre têm bons resultados!
Pois estava eu nesta quando passa por mim uma fulana com uma catraia minorca. Quando dei por elas, estavam paradas de boca aberta, mais a pequena que a grande, a olhar para mim. E ouvi esta a dizer para aquela:
Vês? Estiveste no castelo das fadas e aqui está um bruxo! Se não te portas bem, ele leva-te!
Não resisti! Já tinha ouvido chamarem-me de Radovan Karadzic, de Bin Laden, de Hassan Hussein, de Pai Natal, de Vagabundo… Agora de Bruxo e, ainda por cima, com carga negativa, esta era novidade. Mais para mais, que a garota estava mesmo com medo, não sabendo se acreditar se não.
Acocorei-me e, sorrindo, disse-lhe que havia bruxos que faziam coisas boas e bruxos que faziam coisas más. E perguntei-lhe o que achava que eu fazia.
Para minha tranquilidade, e bons sonhos dela, entendeu que eu deveria fazer coisas boas e sorriu-me. E ficou por ali, primeiro ainda com algum receio, mas depois com à-vontade, enquanto eu dava uns dedos de conversa com a que vim a saber ser a mãe.
Ainda estive para lhe atirar, à mãe entenda-se, com o meu sarcasmo e ironia, dizendo que lhe teria perdoado se me apelidasse de Druida, mas que Bruxo não lhe aceitava. Mas não tive coragem, até porque não sei se entenderia a coisa.
Acabei por ter que “fechar a loja”, que as minhas bruxarias lúmicas se perderam com as sombras que, entretanto, surgiram. E fiquei com esta, a primeira e única com estes ingredientes.


Texto e imagem: by me

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