É, com toda a certeza, uma ideia rebuscada. Tanto que o é que eu mesmo a tenho meio confusa cá por dentro. Mas o estar confusa não implica não ter convicções. E eu acredito no que a seguir irei expor.
Prende-se com a onda de criminalidade violenta que nestes últimos tempos temos vivido por cá.
Sabemos Portugal como um país razoavelmente pacato. Os chamados “brandos costumes”. Também por cá tem existido crime e violência, mas nada que se compare ao que se vive noutros países europeus, para não falar em transatlânticos.
Volta e meia lá há um assaltozito, alguns especialistas na técnica do puxão, alguns avisos em comboios e autocarros contra carteiristas e outros amigos do alheio, mas a violência não caracteriza a Terras Lusas.
Assim, como se justifica a recente vaga de violência no crime? Armas, tiros com ou sem vítimas, actuações dignas das melhores civilizações ocidentais. E tantos em tão pouco tempo. Será que fomos, de súbito, invadidos por criminosos, vindos sabe-se lá de onde, todos com o firme objectivo de vir aqui colher o que os nativos não aproveitam? Não creio!
Estou em crer que esta onde de crimes violentos não tem acontecido por acaso. Tantos em tão pouco tempo não acontecem por mera casualidade ou coincidência.
Haverá quem diga que se trata de consequências da crise que se vive, do desemprego, da ociosidade de uns tantos, de influências do cinema e de um ou outro líder menos escrupuloso que organiza este ou aquele assalto. Também isso poderá ser a origem. Mas tantos em tão pouco tempo? Todos durante os meses de verão?
Claro que os media estão a deliciar-se com a situação! Durante aquilo a que alguém chamou de “Silly Season”, em que os políticos estão de férias, em que os escândalos de figuras públicas ficam a bom recato e em que, neste ano em particular, acontece um silencio organizado sobre os incêndios estivais (sejam eles em maior ou menor numero e com maior ou menor área ardida), sobrou o evento maior chamado “jogos olímpicos”. Mas mesmo este foi a prazo, sendo que, em terminados, pouco mais havia com que encher primeiras páginas e edições especiais. Nada como uns crimezinhos coloridos para abanar a modorra do calor (que por sinal não se tem manifestado, nem mesmo ele tem provocado notícias!).
Vai daí, venham todos eles. Nos bancos, nos correios, nos tribunais, nas ourivesarias, nas estradas. E, se houver umas imagens mais “interessantes”, como sejam uns tiritos, uns cacos de vidro, uns restos de carros, uns sinais de violência, ainda melhor.
Mas esta será a abordagem normal de qualquer director de informação de qualquer jornal ou televisão. Então, porquê mais notícias este ano que qualquer outro, porquê mais agora no verão que em qualquer outra ocasião? Porque, efectivamente, mais aconteceram agora e este ano que em qualquer outro.
Claro que os políticos e as organizações políticas esfregam as mãos de contentes!
A oposição porque tem motivo para atacar o governo e o seu partido, acusando-o de ineficaz no combate ao crime. E, de caminho, vai acrescentando umas acusações de instabilidade sócio-económica como justificação.
Ao governo e a quem o suporta, porque vai, este ambiente de medos e receios populares, desviando as atenções da efectiva crise económica que se vive. Para além da crise do petróleo (as petrolíferas continuam com lucros estrondosos), da crise do imobiliário (os bancos continuam a apresentar resultados obscenos), da crise do emprego (o INE fala de menor indicie, mas eu oiço mais gente a falar de estar sem emprego), do aumento da inflação e dos prognósticos pessimistas das entidades mundiais sobre Portugal, se o pacato cidadão tiver medo da sua segurança e dos seus bens, menos atenção dará a estas questões “menores” do dinheiro e da comida na mesa.
Acrescente-se que a existência de crime nas ruas e violento, dá justificação para, no próximo orçamento de estado, aumentarem as dotações das polícias em detrimento das sociais. E a população aplaudirá, calando a boca a qualquer oposição que o conteste.
Além do mais, a existência de medo por entre a população permite alterar leis punitivas e preventivas que, mesmo que ponham em causa as liberdades individuais, agradarão àqueles que tremem ao ver a sua própria sombra. Curioso é constatar a quantidade pequenas leis avulsas, propostas de lei e declarações de intenção que surgiram desde o início desta onda de violência. Ou bem que quem as cria são génios que acordaram com a solução destes males sob a almofada, ou bem que elas estavam pensadas e organizadas, apenas à espera da oportunidade de as pôr em público e em prática. Junte-se a esta minha surpresa a que tem sido manifestada, ainda que em círculos restritos, por alguns juízes e juristas. Que, à boca pequena, vão comentando as soluções tiradas da cartola por quem governa e legisla.
Por outro lado, o cidadão, em sabendo dos assaltos (tantos em tão pouco tempo!) e em vendo as reacções musculadas das polícias, com rusgas, operações stop, helicópteros nocturnos e demais aparato, agradece por ter estes governantes que intervêm quando necessário. Mesmo que isso implique ser-se identificado a qualquer hora do dia ou da noite, mesmo que isso implique haver casas vasculhadas e semi-destruidas por rusgas de façanhudos policiais, mesmo que isso implique que cada carro poderá agora ser identificado e registado pelo simples facto de passar junto a um carro patrulha ou posto policial sem que o seu condutor de tal o saiba, mesmo que isso implique o aumento das bases de dados que definem comportamentos económicos e sociais de cada cidadão, queira ou não ele contribuir para tal processo. Em nome da segurança, a liberdade de circulação e de anonimato vai-se esvaindo como água entre os dedos e com o aplauso da populaça.
A concretização de desejos, desde há muito manifestados, de uns quanto políticos e outros da nossa praça, e não só!
Assim, juntando todas estas pequenas, ou não, pedrinhas, acrescidas daquilo que conhecemos da arrogância e pleno-poder daqueles que nos governam, construo um muro de desconfiança em torno da recente onda de violência e criminalidade condensada no tempo que por cá tem grassado. E não acredito que ela aconteça por acaso, fruto de vontades autónomas de pequenos grupos de criminosos.
E acredito que mente ou mentes organizadas tenham, não direi que gizado, mas talvez incitado e permitido que a insegurança deixasse de ser apenas uma sensação para passar a era real. E dela tirar os proveitos respectivos!
Que a ideia é rebuscada, concordo. Que pode parecer uma manifestação da “teoria da conspiração”, também. Mas, até que alguém me prove o contrário, e solidamente provado, ela está enraizada na minha mente.
Texto e imagem: by me
Prende-se com a onda de criminalidade violenta que nestes últimos tempos temos vivido por cá.
Sabemos Portugal como um país razoavelmente pacato. Os chamados “brandos costumes”. Também por cá tem existido crime e violência, mas nada que se compare ao que se vive noutros países europeus, para não falar em transatlânticos.
Volta e meia lá há um assaltozito, alguns especialistas na técnica do puxão, alguns avisos em comboios e autocarros contra carteiristas e outros amigos do alheio, mas a violência não caracteriza a Terras Lusas.
Assim, como se justifica a recente vaga de violência no crime? Armas, tiros com ou sem vítimas, actuações dignas das melhores civilizações ocidentais. E tantos em tão pouco tempo. Será que fomos, de súbito, invadidos por criminosos, vindos sabe-se lá de onde, todos com o firme objectivo de vir aqui colher o que os nativos não aproveitam? Não creio!
Estou em crer que esta onde de crimes violentos não tem acontecido por acaso. Tantos em tão pouco tempo não acontecem por mera casualidade ou coincidência.
Haverá quem diga que se trata de consequências da crise que se vive, do desemprego, da ociosidade de uns tantos, de influências do cinema e de um ou outro líder menos escrupuloso que organiza este ou aquele assalto. Também isso poderá ser a origem. Mas tantos em tão pouco tempo? Todos durante os meses de verão?
Claro que os media estão a deliciar-se com a situação! Durante aquilo a que alguém chamou de “Silly Season”, em que os políticos estão de férias, em que os escândalos de figuras públicas ficam a bom recato e em que, neste ano em particular, acontece um silencio organizado sobre os incêndios estivais (sejam eles em maior ou menor numero e com maior ou menor área ardida), sobrou o evento maior chamado “jogos olímpicos”. Mas mesmo este foi a prazo, sendo que, em terminados, pouco mais havia com que encher primeiras páginas e edições especiais. Nada como uns crimezinhos coloridos para abanar a modorra do calor (que por sinal não se tem manifestado, nem mesmo ele tem provocado notícias!).
Vai daí, venham todos eles. Nos bancos, nos correios, nos tribunais, nas ourivesarias, nas estradas. E, se houver umas imagens mais “interessantes”, como sejam uns tiritos, uns cacos de vidro, uns restos de carros, uns sinais de violência, ainda melhor.
Mas esta será a abordagem normal de qualquer director de informação de qualquer jornal ou televisão. Então, porquê mais notícias este ano que qualquer outro, porquê mais agora no verão que em qualquer outra ocasião? Porque, efectivamente, mais aconteceram agora e este ano que em qualquer outro.
Claro que os políticos e as organizações políticas esfregam as mãos de contentes!
A oposição porque tem motivo para atacar o governo e o seu partido, acusando-o de ineficaz no combate ao crime. E, de caminho, vai acrescentando umas acusações de instabilidade sócio-económica como justificação.
Ao governo e a quem o suporta, porque vai, este ambiente de medos e receios populares, desviando as atenções da efectiva crise económica que se vive. Para além da crise do petróleo (as petrolíferas continuam com lucros estrondosos), da crise do imobiliário (os bancos continuam a apresentar resultados obscenos), da crise do emprego (o INE fala de menor indicie, mas eu oiço mais gente a falar de estar sem emprego), do aumento da inflação e dos prognósticos pessimistas das entidades mundiais sobre Portugal, se o pacato cidadão tiver medo da sua segurança e dos seus bens, menos atenção dará a estas questões “menores” do dinheiro e da comida na mesa.
Acrescente-se que a existência de crime nas ruas e violento, dá justificação para, no próximo orçamento de estado, aumentarem as dotações das polícias em detrimento das sociais. E a população aplaudirá, calando a boca a qualquer oposição que o conteste.
Além do mais, a existência de medo por entre a população permite alterar leis punitivas e preventivas que, mesmo que ponham em causa as liberdades individuais, agradarão àqueles que tremem ao ver a sua própria sombra. Curioso é constatar a quantidade pequenas leis avulsas, propostas de lei e declarações de intenção que surgiram desde o início desta onda de violência. Ou bem que quem as cria são génios que acordaram com a solução destes males sob a almofada, ou bem que elas estavam pensadas e organizadas, apenas à espera da oportunidade de as pôr em público e em prática. Junte-se a esta minha surpresa a que tem sido manifestada, ainda que em círculos restritos, por alguns juízes e juristas. Que, à boca pequena, vão comentando as soluções tiradas da cartola por quem governa e legisla.
Por outro lado, o cidadão, em sabendo dos assaltos (tantos em tão pouco tempo!) e em vendo as reacções musculadas das polícias, com rusgas, operações stop, helicópteros nocturnos e demais aparato, agradece por ter estes governantes que intervêm quando necessário. Mesmo que isso implique ser-se identificado a qualquer hora do dia ou da noite, mesmo que isso implique haver casas vasculhadas e semi-destruidas por rusgas de façanhudos policiais, mesmo que isso implique que cada carro poderá agora ser identificado e registado pelo simples facto de passar junto a um carro patrulha ou posto policial sem que o seu condutor de tal o saiba, mesmo que isso implique o aumento das bases de dados que definem comportamentos económicos e sociais de cada cidadão, queira ou não ele contribuir para tal processo. Em nome da segurança, a liberdade de circulação e de anonimato vai-se esvaindo como água entre os dedos e com o aplauso da populaça.
A concretização de desejos, desde há muito manifestados, de uns quanto políticos e outros da nossa praça, e não só!
Assim, juntando todas estas pequenas, ou não, pedrinhas, acrescidas daquilo que conhecemos da arrogância e pleno-poder daqueles que nos governam, construo um muro de desconfiança em torno da recente onda de violência e criminalidade condensada no tempo que por cá tem grassado. E não acredito que ela aconteça por acaso, fruto de vontades autónomas de pequenos grupos de criminosos.
E acredito que mente ou mentes organizadas tenham, não direi que gizado, mas talvez incitado e permitido que a insegurança deixasse de ser apenas uma sensação para passar a era real. E dela tirar os proveitos respectivos!
Que a ideia é rebuscada, concordo. Que pode parecer uma manifestação da “teoria da conspiração”, também. Mas, até que alguém me prove o contrário, e solidamente provado, ela está enraizada na minha mente.
Texto e imagem: by me
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