É
nestas questões que a porca torce o rabo.
Leio
um artigo num jornal que nos conta como têm aumentado a ofertas privadas no
campo da saúde. Em simultâneo com o que sabemos de cortes na saúde pública, de
locais de atendimento a postos de trabalho. E vemos como os profissionais da
área vão manifestando o seu desagrado e preocupações quanto ao futuro. Pessoal
e do sistema.
Sabemos
o mesmo no que se refere a justiça e educação. A transferência para o campo do
privado das actividades ligadas à justiça, o encerramento de tribunais e
esquadras de polícia, a redução de efectivos em ambas as áreas, o encerramento
de escolas públicas e as parcerias com escolas privadas, a redução de quadros.
E,
no que toca a transportes também as notícias são férteis: privatizações de
empresas, desmantelamento dos equipamentos públicos, gestão privada do
investimento público, os portos, estradas, aeroportos…
O
mesmo no que toca a cultura, comunicação social, água, orla costeira…
Quando,
no início do seu mandato, este governo argumentava que havia que considerar ou
reconsiderar o “estado social”, as suas funções, custos e recursos para tal, os
protestos faziam-se ouvir em tudo quanto é lado: nas ruas, nos sindicatos, nos
partidos.
Mas
este governo, depois de remodelado, mudou de atitude.
Deixou
de falar na remodelação do estado social. Como se a questão deixasse de lhes
ser querida e fazer parte importante da sua agenda política.
Mas
não deixou! De forma alguma!
Apenas
passou a executar o seu plano ideológico sem dele falar. No lugar de fazer
grandes mudanças, mediáticas e contestadas, passou a fazer pequeninas mudanças.
Uma aqui, outra ali, uma hoje, outra amanhã, devagar como que por acaso.
O
rumo e o plano é o mesmo hoje que era há três anos: destruir o que foi construído
na sociedade portuguesa ao longo de anos. Transformar o conjunto dos cidadãos
em meros sobreviventes, em gente que se preocupa em conseguir chegar ao fim do
dia vivos e com alguma coisa na barriga, enquanto passa o dia a garantir que
alguns, muito poucos, tiram partido pessoal desse esforço. Em dar vantagens aos
tais 1%, em desfavor dos restantes 99%.
É
um transformar a sociedade muito para além do que foi mandatado, bem à revelia
da chamada “democracia”.
Que
este governo foi mandatado para gerir a coisa pública, não para a destruir. Que
este governo foi mandatado para gerir a sociedade em função dos seus recursos,
não para impor formas de vida a cada cidadão, disfarçadamente.
Aos
pouquinhos vão reduzindo os cidadãos à condição de meros servos de interesses
que não os seus. E de uma forma tão encapotada que, receio bem, quando todos se
aperceberem do que se está a passar será tarde demais.
By me
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