sábado, 9 de agosto de 2014

Silly season



Esta é a silly season.
Em pleno Agosto, os políticos estão escondidos nas suas casas de férias, faltando protagonistas para alimentar páginas e aberturas.
A mortandade em Gaza diminuiu, sendo que umas meras três ou quatro vítimas diárias já não justificam textos ou imagens que afrontem os todo-poderosos.
Do banco vai-se falando, que assim tão depressa passar-se de bestial a besta é notável. Mas, ainda assim, com luvinhas de pelica, que há nomes que convém não escarrapachar nas manchetes.
O ébola é lá longe e perigoso, mas o skipe faz as reportagens e convém não criar alarmismos. Porque, e como dizia Fernão Lopes nas suas crónicas, Lisboa é o melhor porto de África.
Os clássicos incêndios florestais não colaboram, diminutos que são devido a um estio fresco e húmido.
Nem as estatísticas sobre os desempregados registados aquecem os média. Afinal, o próprio termo “registados” denuncia muita coisa que não é conveniente divulgar.
Já nem o futebol fornece os casos do costume que ponham gente e especialistas a perorar sobre o que nem sequer viram.
Quanto às “primarias” para breve, apesar de serem inovação de legalidade duvidosa e indutoras em erro democrático os cidadãos, estão a banhos, à espera da reentrée.
Falta, para animar as hostes jornalísticas, um qualquer escândalo social ou um qualquer desaparecimento infantil, que justifique reportagens infindáveis e relatos entediantes, que nada acrescentam mas que alimentam tiragens e audiências.
Obviamente que o fechar de mais um café aqui no bairro, ou o entaipado interior que se constata nas montras dos centros comerciais ou mesmo a redução de papo-secos per capita não justifica reportagens em directo ou manchetes ilustradas. Que isso não é novidade.

No fim de contas estamos na silly season e, mesmo que murcho, Agosto sempre é Agosto. E não é mediaticamente correcto estragar as férias do público!

By me

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