Estavam ela por
ela, eles e elas.
Com os seus símbolos
de grupo, estampados ou encavalitados na cabeça, alguns brilhantes como se aço
as correntes fossem, eles eram o costume de qualquer outro lado.
Por seu lado,
elas, exibiam-se como de costume, cada uma tentando ser mais exuberante no
diminuto dos trajes ou no respectivo colorido. Como em qualquer outro lado.
E estavam, como em
qualquer outro lado, nos seus jogos de provocação recíprocos, quase pueris, eles
com eles, elas com elas e eles com elas, como se o mundo, nesta tarde, se
reduzisse a eles e elas.
Tudo por junto,
eles e elas, os que estavam em grupo e os que cirandavam em busca de um grupo,
mais não seriam que uns duzentos e cinquenta. Bem medidos. De tão poucos que eram,
eles e elas, que quase se não viam sob a imensidão da pala. E quando procuravam
as sombras mais frescas das colunas, nem se viam mesmo.
Quem se via mesmo
eram os outros eles. Tudo por junto estes eles não seriam mais de trinta,
apeados. Mais uns quatro ou seis nos carros que, como os outros, cirandavam em
busca de grupo.
Mas estes eles,
sempre aos pares ou em dupla de par, faziam por serem vistos. E eram-no. Que os
bonés na cabeça não destoavam do azul dos uniformes nem da parafernária
profissional que traziam à cinta, no cinto.
Muito mais
discretos, a ponto de só se verem quem os soubesse ver, eram os à civil que
cirandavam no interior do centro comercial, como se evitassem qualquer grupo.
Mas para quem já
anda nestas coisa há algum tempo como eu, é fácil interpretar alguns sinais. Para
já não falar de algumas caras reconhecidas de outras circunstâncias.
Resta falar do
terceiro grupo de eles. Os seguranças. Para além dos habituais, de casaquinho
vermelho, o contingente fora reforçado com mais uns quantos, de fato-macaco,
tamanho king-size, que estavam tão visíveis e estrategicamente colocados quanto
os anúncios de telemóveis ou outras inutilidades no interior do centro.
Não sei se haveria
mais dos eles em carrinhas estrategicamente colocadas a distância discreta. Mas,
e considerando o visível, seriam em quantidade.
No meio de todo
este quase-drama, com eles e elas alegres e descontraídos por um lado e os
outros eles, carrancudos e ameaçadores por outro, houve gente frustrada ou
incomodada. A saber:
Um jornalista com
o fotógrafo. Enquanto esperavam o táxi, e eu fumava um cigarrito observando,
comentou o segundo para o primeiro: “eu disse-te que não dava nada!”;
Um casal de
noivos, com o respectivo traje e fotógrafo, que não conseguiam fazer as fotos
da praxe sob a pala como queriam. Polícia de um lado, miudagem do outro não dá,
ouvi o fotógrafo comentar, enquanto se afastavam, ela segurando o seu vestido
acima das agruras das pedras da calçada;
Duas funcionárias
do centro, que ouvi em momentos diferentes, que comentavam nos corredores e ao telemóvel
“isto ‘tá cheio de bófias e segurança!”
Quanto ao resto
eu, que fui ali parar sem suspeitar que nesta quinta-feira estava previsto o
que quer que fosse, diverti-me à brava com o que vi, ao mesmo tempo que fiquei
cheio de raiva do aparato policial, nitidamente repressivo pela dissuasão,
preparados para o desse e viesse daquele bando deles e delas que ali não estava
que não apenas para aproveitar o fim de Agosto e, de caminho, fazer um nico de
provocação às autoridades. Sem mais.
Que faz parte da
adolescência o ficar até à última e o provocar.
Alguém terá que
explicar bem explicado a este governo e a este comando de polícia o que é
pedagogia, o que é a adolescência, o que é delinquência e o que é opressão
policial.
By me
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