terça-feira, 12 de agosto de 2014

Fim do tempo



São dois símbolos que, nos tempos que correm, são transversais a quase todas as culturas: a ampulheta e a gadanha.

A primeira, muito naturalmente, porque contadora de tempo.
Ao invés do relógio, em que os ponteiros definem ciclos temporais que se sucedem sem parar, assim haja corda ou pilha para tal, a ampulheta marca o tempo finito. Tal como a vida, também a areia se esgota. E o tempo de cada um de nós é finito, por muito que não gostemos de pensar nisso.
A segunda, costumamos vê-la nas mãos de uma figura em forma de esqueleto ou coberta por um manto preto, ocultando corpo e rosto: a morte.
E o seu simbolismo passa por, sendo uma foice e manobrada de pé, corta tudo a eito, boas e más ervas e plantas. São todos iguais perante a morte.

Tenho diversos aparelhos de medir o tempo, aqui por casa. Ampulhetas incluídas. Além de serem objectos bonitos, são úteis quando queremos cozinhar, por exemplo. E como adereços fotográficos, naturalmente.
A gadanha, apesar de já ter manobrado uma, não tenho. As que vi à venda são demasiado modernaças, com cabo em alumínio, para fazerem o seu papel em fotografia. Para já não falar no seu tamanho, que implica um razoável espaço cénico. Talvez que um dia encontre uma que me agrade, quem sabe a que me leve.

Vem tudo isto a propósito da morte recente de um actor, Robin Williams.
A gadanha, levando todos a eito, leva também aqueles que são bons. E nada sabendo dele enquanto pessoa, todos os filmes dele que vi me deixaram excelente marca. Pela interpretação e pelos personagens que interpretou.
Ainda hoje me deixam arrepiado e com uma lágrima no canto do olho aquele desenho tosco pendurado na parede ou aquele subir às mesas, solidário, com o grito “Oh captain, my captain!”.



By me

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