Ontem
foi dia de “Trocas fotográficas”.
O
tema que levava mais ou menos preparado versava a composição de imagem. O como
colocar em evidência o assunto principal, algumas “regras” de composição e o
como nem sempre o que vemos ao vivo resulta na fotografia.
Mas
sendo certo que não me entendo como sendo um mestre no assunto, bem melhor que
as minhas opiniões ou trabalhos é o ver-se o que outros fizeram. E saí de casa
com duas mochilas cheias de livros.
Serviriam
de base de trabalho e discussão sobre o tema, analisando as preferidas e antes
de partirem os participantes para fotografar assuntos seleccionados.
Os
livros abordavam fotografia no seu todo. Alguns mestres de grande gabarito,
alguns contemporâneos e “avant-garde”, reportagem, nu, paisagem, objectos,
guerra, monografias e colectâneas. Havia um pouco de tudo.
Já
em trânsito para o local, lembrei-me que deveria comparecer uma família que
incluía uma mocinha novita, com menos de dez anos. Que também fotografa e que
também haveria de ver e trabalhar nos livros.
Quando
chegaram, questionei os pais sobre se haveria algum problema em a filha ver os
que envolviam o nu. Não sei quais as conversas e quais os tabus existentes e
não queria ferir susceptibilidades.
Fiquei
sabendo que não haveria problema e não me preocupei mais.
A
minha grande alegria foi quando, passado um pouquinho, vejo a mãe recusando o
acesso da mocinha a um dos outros: o que versava a história da fotografia em
cenários de guerra.
E
o argumento foi lapidar:
“Não
me importo que veja nus. Agora atrocidades e horrores de guerra, isso não!”
Mentalmente
levantei-me da minha cadeira, tirei-lhe o chapéu e aplaudi. Longamente.
Tivessem
os decisores da imprensa e das televisões esta mentalidade e esta abordagem na
hora de decidir o que é exibido em horário nobre ou nos conteúdos de filmes e
animações das tardes dominicais…
Na
imagem:
À
esquerda: Prisioneiro Chinês, decapitado por um Japonês, aquando da invasão da
China pelo Japão, 1931, sem autor, in “Smithsonian, War a photo history”
À direita: “Sylvia
in my studio”, Paris , 1981,
por Helmut Newton, in “Helmut Newton, private property”
By me
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