Difícil
não é defender as nossas convicções.
Qualquer
um que as tenha o faz, com maior ou menor ardor ou solidez de argumentos.
Qualquer Zé Pateta o faz.
Agora
difícil, mas difícil mesmo, é ter convicções sólidas e argumentar o seu
contrário.
Mais
longe ainda, fazê-lo como se convicção se tratasse.
Não
me refiro a simples exercícios de sofisma. Isso também não é muito difícil. Com
treino faz-se bem feito.
Difícil
é acreditarmos em algo, baseados em práticas, teorias, afectos, experiências, e
argumentarmos o seu oposto por sabermos que isso é o melhor de imediato para
quem nos escuta ou lê. Argumentarmos com convicção, com entusiasmo, conseguindo
que os argumentos convençam.
E
se é difícil fazê-lo perante um público ouvinte ou leitor, bem mais difícil é
prepará-lo. A escolha dos argumentos, o encadear de ideias, os exemplos a dar…
Não
me refiro a política partidária. Ainda não enveredei por esse caminho e não
creio que alguma vez dê esse passo. Ainda não exterminei a minha consciência.
Tal
como não me refiro a desporto (vade retro, Satanás!) ou a questões éticas
(antes morto que tal sorte!).
Falo
mesmo de questões estéticas, de comunicação. Falo de questões, temas,
abordagens que, sabendo-as eu eficazes e geralmente reconhecidas como tal, não
são as minhas práticas nem as minhas convicções íntimas. Falo de recomendar um
caminho que não é o meu. Falo de dizer “Olhem ao que eu digo, não ao que eu
faço!”, e dizer isso com tamanha convicção que quem me escute o faça realmente.
Isso
sim: é realmente difícil. Difícil de fazer, difícil de preparar, difícil de
pensar.
Mas
se a vida fosse fácil nem valia a pena vivê-la!
By me
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