domingo, 3 de agosto de 2014

Dificuldades



Difícil não é defender as nossas convicções.
Qualquer um que as tenha o faz, com maior ou menor ardor ou solidez de argumentos. Qualquer Zé Pateta o faz.
Agora difícil, mas difícil mesmo, é ter convicções sólidas e argumentar o seu contrário.
Mais longe ainda, fazê-lo como se convicção se tratasse.
Não me refiro a simples exercícios de sofisma. Isso também não é muito difícil. Com treino faz-se bem feito.
Difícil é acreditarmos em algo, baseados em práticas, teorias, afectos, experiências, e argumentarmos o seu oposto por sabermos que isso é o melhor de imediato para quem nos escuta ou lê. Argumentarmos com convicção, com entusiasmo, conseguindo que os argumentos convençam.
E se é difícil fazê-lo perante um público ouvinte ou leitor, bem mais difícil é prepará-lo. A escolha dos argumentos, o encadear de ideias, os exemplos a dar…
Não me refiro a política partidária. Ainda não enveredei por esse caminho e não creio que alguma vez dê esse passo. Ainda não exterminei a minha consciência.
Tal como não me refiro a desporto (vade retro, Satanás!) ou a questões éticas (antes morto que tal sorte!).
Falo mesmo de questões estéticas, de comunicação. Falo de questões, temas, abordagens que, sabendo-as eu eficazes e geralmente reconhecidas como tal, não são as minhas práticas nem as minhas convicções íntimas. Falo de recomendar um caminho que não é o meu. Falo de dizer “Olhem ao que eu digo, não ao que eu faço!”, e dizer isso com tamanha convicção que quem me escute o faça realmente.
Isso sim: é realmente difícil. Difícil de fazer, difícil de preparar, difícil de pensar.

Mas se a vida fosse fácil nem valia a pena vivê-la!

By me

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