sábado, 1 de dezembro de 2012

SMO




Por uma questão de princípio, sou contra a existência de forças armadas.
O simples facto de pensar que há gente que se prepara para matar o seu semelhante, que nisso investe tempo e dinheiro, é-me repugnante.
Porque, e por uma questão de princípio, ninguém tem o direito de tirar a vida a ninguém, tal como não tem o direito de lhe tirar a felicidade.
A contra argumentação a esta minha posição é extensa e já ouvi a maior parte dela ao longo dos anos e de diversas bocas. Nenhuma delas, no entanto, me conseguiu convencer que o meu princípio está errado. Nem mesmo o provérbio da antiguidade “Si vis pacem, para bellum”. (Se queres a paz prepara-te para a guerra).
Obviamente que rejubilei quando, há já uns anos, foi extinguido o serviço militar obrigatório. A minha posição foi, e é, inabalável e o não ser obrigatório aprender a matar só contribui para que o meu desejo se concretize.

No entanto um argumento houve que me fez pensar mais que os demais.
Um ex-mililtar de Abril, que fez o que fez e continuou anónimo ao contrário de alguns outros e que me deu o privilégio de ser meu amigo, afirmou solenemente que o serviço militar obrigatório era vantajoso.
Dizia ele que, se não podemos extinguir a existência de exércitos, pelo menos que as sensibilidades dos civis não fiquem fora dos quartéis nem as opiniões dos militares fiquem restritas ao meio castrense. A existência de milicianos faz com que ambos os meios saibam o que se passa e sente de ambos os lados dos muros.
Apesar de não ter mudado de opinião sobre a existência de profissionais da morte, não pude deixar de lhe dar razão. Que uma coisa são os princípios e os desejos para uma sociedade fraterna e livre, outra é sermos confrontados com a realidade, que podemos ajustar mas só ao nível do nosso poder de influência.

Neste momento não creio que o poder instituído quisesse fazer regressar o serviço militar obrigatório.
Que sendo as forças armadas parte do sustentáculo do poder, fazer passar com intimidade o que os civis agora sentem para o seu interior iria pôr em risco a obediência cega que se espera dos militares perante o poder político.

By me 

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