Por
uma questão de princípio, sou contra a existência de forças armadas.
O
simples facto de pensar que há gente que se prepara para matar o seu semelhante,
que nisso investe tempo e dinheiro, é-me repugnante.
Porque,
e por uma questão de princípio, ninguém tem o direito de tirar a vida a ninguém,
tal como não tem o direito de lhe tirar a felicidade.
A
contra argumentação a esta minha posição é extensa e já ouvi a maior parte dela
ao longo dos anos e de diversas bocas. Nenhuma delas, no entanto, me conseguiu
convencer que o meu princípio está errado. Nem mesmo o provérbio da antiguidade
“Si vis pacem, para bellum”. (Se queres a paz prepara-te para a guerra).
Obviamente
que rejubilei quando, há já uns anos, foi extinguido o serviço militar obrigatório.
A minha posição foi, e é, inabalável e o não ser obrigatório aprender a matar só
contribui para que o meu desejo se concretize.
No
entanto um argumento houve que me fez pensar mais que os demais.
Um
ex-mililtar de Abril, que fez o que fez e continuou anónimo ao contrário de
alguns outros e que me deu o privilégio de ser meu amigo, afirmou solenemente
que o serviço militar obrigatório era vantajoso.
Dizia
ele que, se não podemos extinguir a existência de exércitos, pelo menos que as
sensibilidades dos civis não fiquem fora dos quartéis nem as opiniões dos
militares fiquem restritas ao meio castrense. A existência de milicianos faz
com que ambos os meios saibam o que se passa e sente de ambos os lados dos
muros.
Apesar
de não ter mudado de opinião sobre a existência de profissionais da morte, não
pude deixar de lhe dar razão. Que uma coisa são os princípios e os desejos para
uma sociedade fraterna e livre, outra é sermos confrontados com a realidade,
que podemos ajustar mas só ao nível do nosso poder de influência.
Neste
momento não creio que o poder instituído quisesse fazer regressar o serviço
militar obrigatório.
Que
sendo as forças armadas parte do sustentáculo do poder, fazer passar com
intimidade o que os civis agora sentem para o seu interior iria pôr em risco a
obediência cega que se espera dos militares perante o poder político.
By me
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