Eu estava do lado
de lá. Mesmo na beirinha da passadeira.
Do lado de cá,
também na beirinha da passadeira, uma senhora, já bem idosa, e o que pareceu
ser a sua neta, talvez comuns cinco anos.
Entre nós esta
passadeira, pintada de amarelo e devidamente sinalizada na vertical. Como manda
o código.
Mas entre nós também
havia um corrupio de automóveis, que ignoravam heroicamente, tanto as
tentativas delas como as minhas e os respectivos olhares directos nos
motoristas.
Pareci ser impossível
atravessar aquele rio ininterrupto, que não respeitava o código da estrada,
apesar de ser uma rua, em Lisboa.
Passei-me!
Ignorando as
diferenças de peso e respectivas inércias entre carros e eu mesmo, avancei
afoitamente à frente de um. Que vinha mais devagar, é verdade, mas que também não
dava sinais de querer ceder a passagem. Acabou por ter que travar
intempestivamente.
Avancei um pouco
mais e, sem dar a passagem ao que tinha parado, fiz o mesmo ao que a seu lado
também não queria parar. Creio que a minha presença nos asfalto, bem como os
olhares que lhes deitava não deram azo a dúvidas: aqui temos prioridade!
E foi assim que,
especado no meio da faixa de rodagem, fiz sinal a avó e neta para passarem. Que
fizeram, com a calma própria das idades extremadas e a tranquilidade de não
terem que correr para fazerem o seu caminho.
Os de trás
apitaram. Talvez que se não desloquem nunca que não nos seus carros. Talvez que
não tenham crianças pequenas ou idosos na família. Ignorei-os e aos seus
motivos e buzinas.
Só mesmo quando as
vi, em segurança, do outro lado da rua dali saí, com um sorriso e uma muito
ligeira vénia para os automobilistas.
Não mo retribuíram,
nem um nem outra. Mas também não o esperava.
Porque é que a
fotografia não mostra esses carros todos? Tive que esperar uns bons dez minutos
de câmara na mão para a conseguir fazer. Quando não, como mostraria que a
passadeira lá está?
By me
Sem comentários:
Enviar um comentário