Desço
a rua Augusta, em Lisboa, em “reperage”. Há que saber onde e quais as iluminações
natalícias convidativas a fotografar.
No
primeiro cruzamento, a florista de sempre. Ali encaixada, com vista para o
Rossio, para o arco, para o elevador, para a Polux. Lugar privilegiado, para
turistas e nativos, não atrapalhando nem uns nem outros como as esplanadas p’ra
turista gastar que invadiram a rua.
No
mesmo cruzamento, um carro de castanhas assadas. Já não apetecem tanto as
castanhas assadas. O assador agora é inocuamente em aço, as castanhas
manipuladas com luvas, entregues em neutros cartuchos de papel pardo ou
quejando. Onde estão as folhas das “páginas amarelas”, as mãos tisnadas, o
toque do barro do assador?
Mais
ainda: onde estão as diferenças de um vendedor de castanhas para outro? O
carrinhos são todos iguais, com matrícula e tudo, espalhados estrategicamente em
todas os cruzamentos (e não é figura de estilo) desta rua, bem como do Rossio e
afins.
Neste
mesmo cruzamento, encostados àquilo que já foi uma loja de fotografia de referência
na cidade e que agora é um pronto-a-vestir, dois rapazes tocavam viola, com
amplificador, e cantavam. Talvez não cantassem muito bem, mas alegravam o
ambiente.
Na
sua frente um boné continha as poucas moedas que alguns passantes lhes
deixaram, eu incluído.
A
dado passo vejo um garboso polícia municipal, do alto do seu Segway, a correr
com eles. Não tinham licença, já se vê. O que me foi confirmado por eles, numa
estranha mistura de castelhano e português.
O
parceiro do ilustre e zeloso cívico estava apeado do seu veículo, a uns metros
de distância, usando do telemóvel e fumando uma cigarrilha. Talvez que
trabalhem à vez, ora um enxotando, ora outro pedindo licenças de utilização da
via pública.
Uns
quarteirões mais abaixo, já na rua da Conceição e em virando à esquerda, a
paragem do famoso eléctrico 28. E lá estavam: três tipos, com aspecto de
carteiristas de se lhe tirar o chapéu. Só mesmo o mais incauto se deixaria
roubar. Mas nem um só agente, da polícia municipal ou outra, à vista, nem que
fosse só para fazer vista.
Talvez
que seja bem mais importante manter a aparência civilizada nesta rua nobre, com
esplanadas e apelativa aos turistas que tratar daqueles que tratam de aligeirar
as carteiras dos desatentos.
Quanto
às fotografias, lá fui fazendo algumas com recurso à minha corrente de
autoclismo, para espanto de turistas e vendedores.
By me
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