Saí
do comboio já passava um bom pedaço das onze da noite. Fresca, a noite não
estava fria, pelo que me deixei ficar um pouco ali, no largo da estação,
fumando um cigarro antes de iniciar o caminho até casa.
Neste
entretém fui olhando a lua, cheia, que brincava às escondidas com nuvens pesadas.
Bonito de ver!
Sou
então abordado por dois casais. Africanos, daquele tipo de africanos que nos
leva a perguntar se a pele não será já azulada.
Mal
falavam português, que o criolo seria a língua nativa. Mas uma delas soube
interpelar-me para me perguntar se eu ali morava e onde ficava a igreja.
Disse-lhe
que há duas e que me parecia que a maior seria a mais importante. Isto apesar
de eu não frequentar a igreja.
Os
olhos delas abriram-se quase até ao tamanho da lua e as pálpebras jogaram às
escondidas com eles.
Olhou-me
de alto a baixo, desconfiando de alguém que não fosse à igreja, mas lá aceitou,
como os outros, as indicações para lá chegarem, em atravessando para o outro
lado da linha.
Ser
honesto nem sempre é uma recomendação, foi a conclusão a que cheguei.
E,
claro, não estavam à espera que aqui pusesse uma fotografia deles, pois não? E,
sendo que a lua hoje está tímida, fica uma de outra noite, bem mais descarada.
By me
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