Tenho
contado para quem me quer ouvir (e até para quem não quer) que faço questão de
fazer coisas que me dão prazer antes de enfrentar as que me não dão.
E
costumo explicar que, desta forma, saio de casa com o depósito de boa disposição
cheio - ou quase - ainda antes de começar a acumular coisas no depósito de má
disposição. E, se conseguir manter um bom equilíbrio entre o que de agradável e
desagradável me vai acontecendo ao longo do dia, chego ao fim dele com o depósito
positivo mais cheio que o negativo. Mesmo que me farte de refilar, contestar,
de enfrentar todas as chatices e agruras da vida, tenho quase sempre uma
reserva para um sorriso ou uma atitude positiva.
Este
método, que só descoberto na prática, leva-me, muito naturalmente, a sair da
cama bem mais cedo do que seria necessário se fizesse o percurso habitual:
cama-banho-rua, com passagem pelo pequeno-almoço. Mas encaro esse pequeno
sacrifício, que já é um hábito, como o preço a pagar por manter-me bem disposto
ao longo do dia. E é barato.
No
entanto, hoje, apercebi-me que não necessitaria de o ter feito. Ou, de outra
maneira, que pouco depois de ter acordado estava pronto para enfrentar um dia
de confusões e rotinas aborrecidas.
Ainda
antes das sete e meia vim espreitar o tempo.
O
espreitar foi mesmo o caso, que tenho os estores todos descidos por questões térmicas,
e não as levanto a esta hora para não incomodar a vizinhança. Resta-me a
cozinha, cuja janela está hoje quase completamente tapada por roupa posta a
secar.
Mas,
em cuscando com um olho por entre as camisas penduradas, foi o tempo, enquanto
o café passava de promessa a realidade, de ir buscar câmara e tripé. E tufas!
Não
poderia ficar mais tempo na cama, que dois ou três minutos depois apagaram as
luzes da rua. Mas depois disto fiquei pronto para o resto do dia!
É
que, por vezes, não é preciso muito para alegrar a alma. Basta espreitar em
redor, mesmo que por entre roupa a secar.
By me
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