sexta-feira, 4 de março de 2016

Sobre uma acusação



O que abaixo se transcreve é uma notícia publicada no jornal Público no dia 16/7/2015.
Pergunto se, face às notícias recentes sobre as funções da senhora em causa, teremos mais notícias semelhantes ou ficará tudo em privado?
E, já agora, teria sido interessante saber o fim do processo, caso tenha de facto chegado à barra dos tribunais.  

Marido da ministra das Finanças arguido por ameaçar e insultar jornalista
O marido da ministra das Finanças, António Albuquerque, foi constituído arguido e deverá responder em tribunal pelos crimes de injúria, difamação e coacção depois de ter insultado, por mensagem de telemóvel, um jornalista do Diário Económico, que também ameaçou.

O mais recente desenvolvimento do caso foi revelado esta quinta-feira pela revista Sábado, e confirmado pelo PÚBLICO. A António Albuquerque, que na altura dos acontecimentos já tinha saído do Económico, onde desempenhara funções de director executivo, não agradou um artigo de opinião escrito por um antigo colega da mesma publicação em Setembro passado, intitulado “O que acontece se o Novo Banco for vendido com prejuízo?", onde o seu autor expressava dúvidas sobre a forma escolhida pelo Governo e pelo Banco de Portugal para resgatar o Banco Espírito Santo.

"Tira a minha mulher da equação ou vou-te aos cornos", dizia um dos sms enviados pelo marido de Maria Luís Albuquerque ao antigo colega. "Tu não sabes quem eu sou. Metes a minha mulher ao barulho e podes ter a certeza que vais parar ao hospital", podia ler-se noutro.

Mas não ficou por aqui. "Vai para o caralho cabrão" e “Vai para o caralho seu merdas" são outras das injúrias que deram origem ao processo aberto pelo Departamento de Investigação e Acção Penal, depois de o jornalista Filipe Alves ter apresentado queixa. “Reafirmo, tu e o teu director são uns cabrões fdp", escreveu também António Albuquerque, que neste momento não presta declarações sobre o assunto. O mesmo sucede com a sua advogada, Carla Alves Ferreira.

O marido da ministra nunca negou a autoria das mensagens. Mas Filipe Alves só aceitava desistir da queixa se o ex-colega lhe pedisse desculpas publicamente, enquanto António Albuquerque apenas se disponibilizou para o fazer por sms. Como a representante legal do marido da ministra não pediu abertura de instrução do processo, o caso deverá agora seguir directamente para julgamento.

Entre as testemunhas do jornalista queixoso está outro profissional da comunicação social, Filipe Garcia, que irá contar como também foi agraciado com um email do marido da ministra depois de escrever que Maria Luís Albuquerque não mentira quando dissera, no Parlamento, não possuir poupanças. Parafraseando o antigo secretário de Estado da Cultura, Francisco José Viegas, António Albuquerque mandou-o "levar respeitosamente no cu".

"Lamento que a situação tenha chegado a este ponto, mas não tive alternativa" senão apresentar queixa, diz Filipe Alves, que pede em tribunal uma indemnização nunca inferior a três mil euros. "Até este incidente nunca tinha havido problemas pessoais entre nós os dois". No Facebook, o jornalista acrescenta não admitir ameaças nem outras tentativas que visem impedi-lo de fazer o seu trabalho. "Muito menos vindas de alguém que se diz jornalista e tinha obrigação de respeitar o direito à liberdade de expressão".


Contactado pelo PÚBLICO, o gabinete de imprensa da ministra das Finanças não fez, até agora, qualquer comentário sobre o assunto. Apesar de a moldura penal dos crimes em causa apontar para o julgamento ser feito por um colectivo de magistrados, o facto de o marido da ministra não ter antecedentes criminais e se encontrar socialmente integrado fez o Ministério Público requerer que a resolução do processo fique a cargo de um único juiz, uma vez que dificilmente será aplicada ao arguido, caso seja condenado, uma pena superior a cinco anos de prisão.

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