quinta-feira, 10 de março de 2016

Protocolos e uniformes



Quando me perguntam, numa pequena loja ou grande superfície comercial, se tenho cartão cliente, cartão de descontos ou as modernas apps para pontos, costumo perguntar:
“É obrigatório?”
Claro que a resposta é que não, mas que dá descontos noutras compras, que permite acesso a promoções, que…
Regra geral não deixo terminar e respondo que não tenho. E que não quero ter. Por vezes esclareço que não quero pertencer às bases de dados da loja, mas nem sempre o digo.
Claro que ficam a olhar para mim como se eu tivesse um olho bem no meio da testa ou se exalasse odor a enxofre, mas eu lá concluo o negócio e sigo a minha vida.
Nos tempos que correm, cada vez mais temos que perder a individualidade e seguir os ditames da moda, do consumismo, dos protocolos, da uniformidade imposta, em que agir ou mesmo pensar pela nossa cabeça é quase crime de “lesa-magestade”.

Vem isto a propósito de um sururu sobre um aplauso que ontem não aconteceu.
Caramba! Um aplauso é sinónimo de agrado ou apreço. Qualquer outra utilização é hipocrisia.
E, ao que sei, aplaudir é tão obrigatório quanto um cartão cliente.

Já agora: também só me levanto da cadeira onde estiver para cumprimentar quem chega se essa pessoa for merecedora pessoalmente de tamanha deferência da minha parte: um parente próximo ou amigo querido.
Não é o simples facto de chegar ou de possuir um cargo que fará com que me levante.
Tal como me faz sair do sério que quem chega faça questão que eu interrompa o que estou a fazer (trabalhar com equipamentos, ler ou escrever) apenas para lhes apertar a mão, ou dar um beijo, ficando parado a meu lado ou à minha frente de mão ou cara estendida à espera.

Essa presunção de importância protocolar que faz interromper a vida dos outros porque “EU” cheguei sempre me fez comichão na sola do pé. Por vezes na biqueira da bota.

By me

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