quinta-feira, 17 de março de 2016

Marcas do tempo



Foi a Nova Lisboa que fechou, mudou de donos e reabriu. Com alterações visuais (pequenas), de empregados (notórias) e de produtos em venda.
Foi a Suprema que fechou e que parece ser para sempre, se considerarmos o aspecto do seu interior.
Foi a Sul América que fechou e que já nem este aspecto tem, visto que retiraram os dísticos luminosos com o nome, que desde que me conheço ali estiveram. Aquela pastelaria/restaurante que não tinha pudor (para vergonha de todos os outros que o têm) em ter alguém com trissomia 21 a trabalhar atrás do balcão à vista de todos. E com um sorriso de felicidade estampado no rosto.

Com as mudanças, fechos e reaberturas do comércio tradicional vai-se alterando a face visível da cidade.
Já nem refiro a baixa, com as lojas que fecham para abrirem hostels que terão o mesmo tempo de vida que a cidade enquanto destino preferencial de turistas. E que depois disso…
Já nem refiro a opinião que os cotas como eu terão ao verem desaparecer as montras e rostos que sempre conheceram. O passado só é melhor que o presente porque o vivemos e dele guardamos memórias. Os jovens de hoje dirão, daqui por quarenta anos, o mesmo que hoje nós dizemos.
Custa-me, antes sim, o ser cada vez mais difícil o encontrar pastéis de bacalhau ou de massa tenra, bábás ou ducheses. Já nem falo em pipis ou garibáldis.

Mas também já não se vai aqui ou ali por um petisco ou guloseima. E os encontros, esses, fazem-se não na mesa de um café mas na virtualidade das redes sociais, cada vez mais com resultados práticos negativos.


Nota adicional: É cada vez mais difícil deixar a marca da nossa passagem numa mesa de café ou esplanada, feita com a ponta de um canivete. Aliás, é cada vez mais raro ver alguém com um canivete.

By me 

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