quinta-feira, 17 de março de 2016

Prazeres



Durante quase quinze anos desviei amiúde o meu caminho para ir àquela livraria.
Era um ponto de encontro fora de série. Ao fim da tarde em lá entrando nunca se sabia se ali se estaria a falar de literatura, se de pintura, se de filosofia, se de fotografia, se de teatro, se de cinema, se de política…
Tal como nunca se sabia com antecipação quem ali estaria de conversa informal, seguindo o rumo errático das respostas que se ouvissem: se estudante liceal, se universitário, se pedreiro, se doutor ou se dona de casa…
Perdi a conta à quantidade de vezes que ali entrei e pedi: “Sr. Augusto: ponha-me a ler!” E nunca me arrependi dos que me vendeu, depois de me perguntar quais os dois últimos que havia eu lido.
Temos todos nós uma dívida do tamanho do mundo para com este Sr. Augusto. Mas isso são história que a História se encarregará de explicar. Não eu. Mas que de cada vez que nos encontramos faço questão de lhe agradecer o ter sido um dos que fez o que fizeram, lá isso faço!
E sinto-me particularmente honrado por, passada bem mais de uma meia dúzia de anos sem nos vermos, ele se desvie do seu caminho para conversarmos, sabendo o meu nome e história.


 By me

Sem comentários: