sábado, 18 de abril de 2015

Miscelânea sócio-politico-económica com um epílogo fotográfico





Sábado é um dia diferente, aqui no meu bairro.
Tal como o Domingo, é dia de ir ao supermercado. Caso se possa e haja necessidade. Em podendo, evito-o, por via das enchentes.
Também é dia de haver mais crianças a brincar na rua.
No tempos que correm, brincar na rua já não é muito comum, que os jogos electrónicos jogam-se em casa. Mas há sempre uma bola, uma bicla, uns patins ou o simples conviver que ainda se faz. Ou não há jogos electrónicos.
Também é dia de pendurar a roupa recém-lavada. Aqui no bairro não haverá muitas máquinas de secar. Nem há regulamentos de condomínio, de freguesia ou de município que interditem o estendal em prol da estética colectiva. E em não chovendo, é de aproveitar. Até porque o dia seguinte é domingo e haverá que ir à missa ou ouvir o pastor, pelo que essas coisas não se fazem.
Por mim, que considero o sábado como dia normal e tinha que tratar de copiar uns documentos, decidi ir a uma casa da especialidade aqui no bairro, na outra ponta.
Fica ela no exterior de um centro comercial e, em terminando a obrigação, deixei-me levar pela devoção: dar uma volta no centro.
Uma lástima!
De cada vez que por lá passo, constato que mais lojas fecharam. Cada vez mais. Um sério indicador sobre a tal “retoma” que os nossos governantes tanto apregoam.
A novidade foi esta placa.
Depois de terem fechado uma papelaria que fazia estas funções no bairro, depois de terem fechado a estação de correios aqui do bairro, do outro lado da linha de caminho de ferro e velha de muitos anos, abriu esta, instalada numa papelaria/tabacaria do centro comercial.
Fui cuscar e meter conversa.
Tratou-se de uma tentativa por parte do lojista de atrair clientes, procurando contrariar a morte anunciada do espaço comercial. Que os clientes, em indo tratar de uma qualquer questão postal (encomendas, registos, vales) sempre acabam por consumir algo mais.
Em dela saindo, fui tomar café e tive que admirar a arte e o engenho. O balcão é-me conhecido há mais de duas dezenas de anos, desde que o centro abriu. Mas o que me espantou foi a forma deliciosa como espalham artigos não perecíveis e de pouca saída, tal como guardanapos e copos, no balcão/expositor refrigerado. Para que não pareça vazio. Três quartos assim ocupados, com um ar negligente e como se nada fosse, mas que bem demonstra a falta de negócio que ali acontece.
O périplo terminou numa livraria. Sim, porque o meu bairro, dormitório suburbano classe media-baixa e baixa, tem uma livraria. Às moscas. Às moscas de clientes e às moscas as prateleiras, com os livros espalhados aos dois e três por cada uma, deitados para que ocupem mais espaço e disfarcem a reduzida existência.
Perguntei por livros de fotografia. Poderiam ter, por mero acaso excepcional. Mas não tinham, como suspeitava.
Acabei por trazer um outro que há uns tempos me havia despertado a curiosidade mas que não tinha chegado a adquirir. E fiquei a saber p’la mocinha, que era a primeira venda do dia. Já na segunda metade da tarde.
Não costumo comprar livros nos centros comerciais. Prefiro, de longe, as livrarias convencionais, com porta para a rua, onde trabalham livreiros que sabem da poda. E vou apoiando o comércio tradicional, que bem precisa, com esta minha escolha.
Mas neste caso…

A fotografia foi a possível e fruto de um capricho.
Se lhe mexi haveria que usar. E saí de casa apenas com a reflex equipada com uma 200mm. Claro que a de bolso estava onde pertencia, no bolso. Mas o desafio era fotografar o que eu quisesse mas encontrando solução com esta distância focal.
Que as zooms, práticas e energeticamente económicas, tornam-nos preguiçosos.
Uma prática esquecida de muitos, mas que convém relembrar de quando em vez: a melhor zoom funciona a dois tempos – pé direito, pé esquerdo.

By me

Sem comentários: