domingo, 26 de abril de 2015

Encontros





Uma das coisas que me é difícil fazer, quando vou fotografar um dado evento, é deixar de parte ideias pré-concebidas.
O ideal será, muito naturalmente, chegar ao acontecimento de alma aberta, capaz de receber o que sucede em redor e ir fazendo o registo. Bem que deambulo de início, tentando deixar que o espírito existente me invada.
Mas não me é fácil, quando se trata de manifestações políticas: tenho ideias sobre o assunto e, naturalmente, o meu olhar está filtrado por elas.
Mas, também, não pretendo ser jornalista. O que faço é um retrato de mim mesmo projectado sobre o que me cerca. Deixo a questão da isenção da comunicação para os profissionais da comunicação.

Numa manifestação há coisas que procuro. Com afinco. E já me apercebi de alguns olhares sobre mim, quando estou parado ou em trânsito no meio da multidão, estranhando o “olhar de caçador” que vou tendo.
Uma das coisas que esse meu olhar de caçador procura, sempre, são câmaras fotográficas. Manias.
Mas não qualquer uma!
Dada a raridade da marca que uso e de que gosto, Pentax, sempre que encontro uma nestas circunstâncias trato de a fotografar.
Não quem a possui. Não é isso o importante. O que conta, neste caso, é haver quem use aquilo que começa a rarear e muito.

Ontem não foi excepção. Ou melhor: foi excepção porque não vi nem uma que fosse. Não significa que não estivesse alguma por lá, mas eu não vi.
Vi foi este outro exemplar fotográfico, também ele raro.
Raro por ser película, raro pelo formato desta, raro pela sua marca.
Quem a segurava estranhou o pedido, mas a cumplicidade fotográfica sobreveio, o orgulho na peça também, e aqui está.
Acredito que, dos milhares de formas de captação de imagem que ontem desceram a avenida, esta fosse peça única! Naquilo que é e no que implica a sua forma de usar e características.
Viva quem faz!

By me

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