sábado, 31 de julho de 2010

Pornografias e obscenidades


Os banqueiros até passaram os testes de resistência, mas a verdade é que os mercados ainda não aliviaram as dúvidas sobre os bancos e a palavra crise ainda não saiu de cena.

Se a convicção é de que são tempos de dificuldades económicas e financeiras, o certo é que os resultados do primeiro semestre da banca não o traduzem. O lucros dos quatro maiores privados a operar em Portugal rondaram os oitocentos milhões de euros (800.000.000 €), subiram quatro por cento (4%), e na lista dos grandes só o Santander Totta recuou.
Mais ganhos com menos dinheiro pode até causar confusão, mas há até quem lembre que o desempenho dos bancos não é só influenciado pela capacidade de endividamento.

Operações fora de portas, em concreto no Brasil e em África, que engrossam os lucros mas jogam em desfavor do Estado. Em seis meses de actividade, todos os quatro bancos registam menos impostos a pagar em Portugal.

E a decisão do governo de aumentar o IRC das grandes empresas jogou, para já, a favor da banca, permitiu valorizar os custos contabilísticos que ainda não foram considerados custos fiscais, aumentando assim os impostos diferidos. Os quatro bancos acabaram beneficiados e apresentam uma factura a pagar ao fisco inferior à do ano passado.
Entre o deve e o haver, na banca, sobram sempre milhões, são quase cinco por dia de lucro, desde o inicio do ano.


Texto: in “Telejornal", RTP, 2010-07-30
Imagem: by me

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