domingo, 25 de julho de 2010
Manias
Que eu sou um tipo de manias já não será novidade para aqueles que me fazem o favor de vir a estas paragens. Para os outros, aqui fica a informação: sou um tipo de manias!
Há coisas que faço questão de fazer e outras que faço questão de não fazer!
Não roubo a chupeta a um bebé! Faço questão disso! Consumo oxigénio a cada inspiração! Também faço questão disso!
Entre uma coisa e outra é uma questão de escolha de forma de vida e de coerência que procuro manter.
Uma das coisas que não faço por uma questão de coerência é consumir produtos da marca Parmalat e derivados. Pelo menos enquanto me lembrar que esta empresa de lacticínios Italiana viu em Portugal oportunidade de ganhar dinheiro sem olhar aos custos.
Quando começou a operar em Portugal há já bastantes anos, entrou a matar, comprando tudo o que estivesse à venda e tratando de “agarrar” o que não estivesse mas interessasse. Com a enorme quantidade de capital que vinha da sede, em Parma, apresentou preços dos seus produtos a níveis tão baixos que quase destruiu os pequenos e médios produtores, obrigando muitos a fechar ou vender as suas empresas e explorações e a despedir os seus trabalhadores, antes que a fome lhes batesse à porta.
Com os retalhistas a estratégia era igualmente agressiva: fornecia-lhes os seus produtos e entregava-os nas lojas a preços muitíssimos mais baixos que os das marcas suas concorrentes. A condição era os pequenos comerciantes não possuírem ou venderem produtos dessas outras marcas. Claro que muitos foram os comerciantes tradicionais que aceitaram a situação.
E assim, não apenas as marcas concorrentes perderam negócios como acabaram por fidelizar clientes e consumidores, não pela qualidade do que compravam mas antes pela inexistência de alternativas.
As situações dramáticas que esta estratégia empresarial criou foram inúmeras: firmas fechadas ou falidas, cooperativas sem cooperantes, gente despedida e a passar fome.
O que estranho efectivamente é que, quando há uns anos rebentou o escândalo económico na casa mãe, em Itália, a filial portuguesa tenha ficado incólume. Claro que nós por cá nunca soubemos o desfecho do caso italiano, mas suponho que não fosse conveniente, quem sabe.
É por isto que não consumo produtos da marca Parmalat, leite e seus derivados, sumos e outros. Enquanto disto me lembrar…
E é por isto também que tive uma discussão, enfim, uma conversa azeda, quando ao jantar mandei de volta os pacotinhos individuais de manteiga desta marca que nos puseram à frente enquanto esperávamos os bifes e bebericávamos as cervejas.
“No pão quentinho até que ia saber bem! Vá lá!...”
“Na minha mesa e do meu bolso, não!"
Que querem? Sou um tipo de manias!”
Texto: by me
Imagem: edit by me
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