domingo, 18 de julho de 2010

Para grandes males...


Há perguntas absurdas e perguntas pertinentes.
Exemplo de uma pergunta absurda será o querer saber o que é que eu tenho na mão! Está bem de ver que é um tijolo!
Será, talvez, apenas um pedaço de tijolo. E será um pedaço de tijolo burro ou cego, daqueles que não têm buracos. Mas é, indubitavelmente, um tijolo e só não o constata quem não o quiser!
Agora outra coisa será o perguntarem o que estou eu a fazer, com um tijolo na mão e levantado à altura da cabeça, à minha janela. Isso sim, será uma pergunta pertinente, inteligente, fruto da observação dos factos e da não obtenção de uma resposta imediata.
Mas eu explico:
Estou, muito simplesmente, a preparar-me para defender o meu castelo ou, se preferirem, a minha casa e o meu merecido repouso!
Desde o início deste mês que uma senhora residente no prédio ao lado do meu tem o seu filho pequeno num ATL. O serviço, ou escola, ou creche, tem uma carrinha que o vem buscar todos os dias, entre as 7.45 e as 8.00 horas.
Acontece que o motorista da dita viatura entende que as mães, com as respectivas proles, devem estar à porta de suas casas, esperando pelo transporte. E, caso não estejam, faz saber do seu atraso com a potente buzina da carrinha.
Aliás, este motorista sabe de antemão que esta mãe não espera à porta do prédio mas sim em casa, à janela de sua casa. Por isso, ainda mal entra na praceta que aqui se vê e já está a apitar, várias e repetidas vezes.
No meio de tudo isto estou eu. A carrinha pára aqui, neste espaço que se vê iluminado pelo sol, bem por baixo da janela do meu terceiro andar. E eu, que a esta hora estou apenas com quatro a cinco horas de sono seguido, que os meus horários de trabalho assim mo obrigam, sou acordado por um despertador que não quero nem comprei.
Esta semana, bem ainda antes do soar da buzina, saí da cama. E quando a carrinha chegou, já eu ali estava, vestido e pequeno-almoçado, à sua espera.
Tive com o motorista, e a dama que o acompanhava, uma conversa não particularmente simpática, mas onde deixei bem claro o meu descontentamento com aquele acordar intempestivo, bem como o conteúdo do código da estrada no tocante ao uso de buzinas dentro de perímetro urbano.
O que lhes ouvi não me deixou tranquilo quanto aos meus futuros sonos!
Assim, estou preparado para que, da próxima vez, saibam sem quaisquer dúvidas o quanto eu desgosto do tom e do volume da sua buzina, àquela hora e naquele lugar.
Para além deste pedaço de tijolo, tenho mais dois a meus pés. E, se não chegarem, do prédio em ruínas onde os fui buscar há muitos mais para alimentarem o meu paiol de protesto!

Texto e imagem: by me

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