terça-feira, 6 de julho de 2010

A mentira


Primeiro veio um.
Estávamos em meados de Novembro e a dificuldade da língua foi, não apenas mais que evidente, como a mais complicada que já tive. Nem mesmo com aquele marinheiro Polaco, que nada sabia que não a sua língua natal, mas cujo guia rápido de conversação Polaco/Inglês/Polaco sempre ajudou um pouco.
Mas deu para ele entender que era grátis e quis fazer uma foto. Não lhe consegui arrancar um sorriso para a posteridade.
Passado um pouco, não muito, regressa com um companheiro. Com este a comunicação foi muito difícil, mas já dava para nos entendermos, entre palavras e gestos. Queriam fazer uma com os dois.
Pois que seja, que estamos em época baixa e não é uma extra que me empobrece.
E continuei a não ser capaz que sorrissem.
Feita, entregue e agradecida, ficaram à conversa na sua língua bem distante da nossa. Mas sempre deu para irmos percebendo (eu e um casal que por ali estava a assistir à função) que estavam a discutir.
Uns minutos passados, regressam e pedem para fazer uma segunda. Pelo que entendi, a questão era saber quem ficava com aquela que lhes tinha entregue. Com os pedidos habituais e as recomendações à protecção divina que é típica de quem vem daquelas bandas.
Quando me preparava para fazer uma segunda impressão, eis que constato que regressam ao local da pose. Mais, um deles, apesar dos protestos do companheiro, começa a despir-se, retirando um surpreendente número de camisolas, umas mais grossas que outras.

“Está grosso”, disseram os que assistiam. E pensei eu.

Mas não! Parou nos propósitos que aqui vêem e foi assim que quiseram ficar na fotografia. Sempre sem um sorriso.
Despediram-se com um forte aperto de mão, vénias, sorrisos rasgados e um franco elogio meio invejoso à minha barba.

Interpretação minha:
“Fortes, másculos, rebitesos, sem frio e sem fome”
Quem diz que a fotografia não mente?


Texto e imagem: by me

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