segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Conceitos e discursos

Gostava que alguém me dissesse, de uma forma muito clara, o que é o conceito de “refugiado político” a que a Chanceler Alemã se refere.

É que tenho para mim que este termo tem uma abrangência tão elástica que permite uma enormidade de interpretações, certamente que ao sabor de quem interpreta.
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O título da notícia reza assim:
“Um ano depois, ainda não há explicação para o caos no Citius.”

Eu acrescentaria que quatro anos depois, ainda não há explicação para a parvoeira dos portugueses.

O resto são minudências.
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A mão



É triste ver como tantas vezes se interpreta erradamente uma mão estendida como um pedido.

E como, as mais das vezes, mais importante que o que ela contem é o ela estar.

By me

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Nem sempre é ao fecharmos a porta que se abre a janela.

Por vezes é a corrente de ar que ajuda.
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Informação



“Como Serge Daney gosta de dizer, “ficamos cegos diante da hipervisibilidade do mundo.” De tanto ver já não vemos nada: o excesso de visão conduz à cegueira por saturação. Essa mecânica contagia outras esferas da nossa experiência: se antigamente a censura era aplicada privando-nos de informação, hoje, ao contrário, consegue-se a desinformação imergindo em uma superabundância indiscriminada e indigerível de informação. Hoje, a informação cega o conhecimento.”
By Joan Fontcuberta, in “A Câmara de Pandora”

E eu acrescentaria:
O mesmo se pode dizer, sem sombra de dúvida, da fotografia.
De tanto vermos fotografias sofríveis ou medíocres, perde-se a noção do que é bom ou não, afinando os nossos padrões por baixo.
É aqui que livros, exposições e alguns sites, em que as escolhas podem ter duvidosa qualidade mas não costumam ser, servem para definirmos e aferirmos os padrões do que entendemos por bom e muito bom.
E por bom não entendamos apenas o clássico, as abordagens convencionais e os jogos de cor, luz e composição de acordo com as regras habituais.
A experimentação, o fazer diferente, o insólito abordar de algo que estamos fartos de ver mas que nunca imaginaríamos registado daquela forma, mesmo e principalmente que à margem do convencional, fazem parte do “bom” ou “muito bom” desde que falem connosco.
As mais das vezes, não é isto que encontramos nas redes sociais ou nas revistas massificadas de fotografia.
Vendo a quantidade quase que incontável de imagens fotográficas que são disponibilizadas todos os dias, quase que podemos ficar com a ideia que foram feitas por apenas um pequeno punhado de pessoas, de tão semelhantes e inócuas que são.

O ruído provocado pela superabundância de fotografias sofríveis, ou nem isso, impede-nos de ver ou reconhecer boas imagens.

By me

Outras Luas



By me

Pistola



Está tudo louco neste país.
Varridos, mesmo!
Ontem foram três, em Sesimbra.
Hoje foi um, em Leiria.
Amanhã, sabe-se lá onde será.
Não têm mais nada que fazer, não? Andar a matar gente assim, em terras quase desconhecidas, por dá-cá-aquela-palha?
Se fazem muita questão de andar aos tiros, de matar gente, ao menos que saibam apontar os canos onde faz falta e a quem de facto o merece.

Por exemplo: Ali para os lados de São Bento há muito por onde escolher e não se perdia nenhum!

By me

domingo, 30 de agosto de 2015

Comida e religião



Comida e religião:
A combinação perfeita e perigosa.

Só não sei qual delas será a troco de dinheiro.

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O dedo



Aqueles que têm aquela atitude de “Eu contra o mundo!” esquecem-se que eles mesmos são o mundo.

E que quando lutam contra ele estão a lutar contra si mesmos.

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Lua Cheia em Lisboa



Lisboa ontem.

E só para não regressar a casa com a sensação de inutilidade de ter transportado a câmara sem lhe dar uso.

By me

sábado, 29 de agosto de 2015

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Leio num livro que:
“A morte não é senão a vitória do tempo.”
Ao que acrescento:

“Que a fotografia tenta, inutilmente, contrariar. Como se fosse um embalsamador de relógios.”
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Dois tamanhos



Pedido de ajuda aos melómanos

Quantas peças, passíveis de serem executadas por um quarteto de cordas possuem um solo para viola de arco?

É coisa comum e sou eu que pouco ou nada sei da matéria, ou ouvi algo de raro?

By me

No comboio



Na carruagem que me leva no percurso quase habitual, só um terço dos lugares sentados estão ocupados. Com gente de todas as origens e idades.
Só três dos presentes não estão a usar um telelé ou equivalente: Um casal de turistas, e uma idosa, talvez que caboverdiana.

Até eu faço parte da maioria, como se constata.

By me

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A conversa ao balcão do café tomou um rumo divertido.
Contava eu que um destes dias alguém me tinha proposto que eu comprasse um revolver. Por 500 euros, um dos grandes, de eficácia garantida. E que eu tinha recusado, apesar de tentador.
“E para que é que você queria uma coisa dessas?”, perguntou-me a senhora que estava a meu lado.
“Ai! Havia tanta gente que me agradeceria se o tivesse e usasse…”, respondi.
O olhar que ela me lançou deixou-me na dúvida. Não sei se me considerou um perigoso lunático se um louco inofensivo.

Talvez que um dia fique ela esclarecida.

Privacidades



É uma conversa que, volta e meia, vem à baila. E eu uso os mesmos argumentos de sempre.
Fala-se do vício do telemóvel e de como tanta gente é incapaz de passar sem ele. Mais: como as conversas são interrompidas de súbito, só porque o aparelhómetro de um dos interlocutores tocou. A premência de querer saber quem está a ligar e a eventualidade, tantas vezes remota, de ser assunto urgente, tudo justifica. Mesmo a má educação.
O meu argumento, baseado na minha própria atitude, é sempre o mesmo: atendo o aparelho se puder e quiser. E se puder e quiser interromper o que estou a fazer. E há coisas que não interrompo, nem que a vaca tussa.
Para reforçar este argumento, costumo perguntar se quando estão na casinha atendem o telemóvel. A maioria diz-me que sim, mas sempre achei que era uma forma de me calarem, o que não é fácil.
Um destes dias cheguei a outra conclusão.
Estava eu aqui entretido a fazer o que imaginam quando oiço um telemóvel tocar. Sabia não ser o meu e pensava-me sozinho, pelo que imaginei que alguém o havia deixado ali. Toca uma segunda vez, e eu tranquilo com a minha ocupação. Não chegou a tocar terceira vez.
De dentro de uma das privadas, nas minhas costas, oiço alguém atender e encetar uma conversa que, e devido ao revestimento do local e consequente acústica, nada tinha de privacidade.
Tive tempo de lavar as mãos e secá-las, tudo com calma, e a tal conversa, bem fútil por sinal, continuou com a maior das naturalidades, por aquilo que deduzi do tom que ouvia.
Vou, decididamente, mudar de argumento, que o que tenho ouvido parece ser verdade. E passar a usar um de maior peso:
Se quando estão deitados, em plenos deleites com quem ali deitado também está, também interrompem a função.


Sempre quero saber quem terá a coragem de dizer que sim!

By me

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O píncaro do absurdo:
Ficarmos satisfeitos porque alguém tem como ganhar a vida durante quase um ano.

Em tempos havia as vendas em prestações. Agora é a vida em prestações. Eventuais.
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Pensar

Aquela coisa indolor, imaterial e intemporal que a maioria das pessoas evita fazer.

Em particular neste país.
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Exames



A vida divide-se em três grandes grupos:
No primeiro fazemos um sem número de exames e desejamos sempre ter nota máxima.
No segundo é-nos indiferente o resultado dos exames.

No terceiro o nosso anseio é ser chumbado nos exames.

By me 

Sem classificação



Na dúvida entre classificar esta fotografia como “sapato abandonado” ou “objecto caído na linha”, opto por não a classificar.

Afinal, o que importa mesmo é pensar que alguém andou um bom pedaço com um pé descalço.

By me 

CMYK




E se não virem bem o K, calibrem o monitor, desligando-o.

By me

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Photo Poche



Última aquisição, degustada com prazer sob um guarda-sol numa esplanada tranquila.
Com uma qualidade de impressão particularmente boa, ao contrário do que acontece com a maioria das fotografias de bons fotógrafos na net, tem a vantagem de poder ser lido e visto sem entraves onde quer que seja, mesmo que com o sol forte do verão em redor.
Esta colecção – Photo Poche – permite aceder a bons trabalhos de bons fotógrafos e a bons preços. Mesmo que com os textos em francês, importam as imagens. E estas recomendam-se.
Que fotografia é bem mais que técnica, é bem mais que estética, é bem mais que tuturials e manuais, é bem mais que câmaras e objectivas e software.
Fotografia é o encontrar o nosso caminho, vendo o que outros fizeram e fazem e daí aprender. Aprender novas pistas, aprender caminhos que não queremos.
Só os génios o não precisam, e eu de génio só o mau-génio.


By me

Vela



Os deuses ouviram as minhas preces:
Santana Lopes não se candidata a Belém!

Falta-me saber a qual deles e de que tamanho devo acender a vela de agradecimento.

By me

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E como é que sabemos a idade aproximada de alguém, sem o ou a vermos ou ouvirmos?
Pela forma como são mostradas as fotografias da família.
Se num aparelho electrónico se num álbum plastificado ou carteira.

Infalível!
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Depois de tudo o sabemos (e o que não sabemos) sobre a Grécia e o seu governo, foi empossado um novo primeiro-ministro.
De transição e até novas eleições. Uma mulher. Pela primeira vez na longa história da Grécia, há uma mulher como primeiro-ministro.


Alguém me irá explicar como é que este facto não é notícia de abertura nas páginas de internacional nos noticiários e jornais.

Mão cheia de nada



Consta que o velho Sócrates, o tal da velha Grécia, gostaria de se passear pelos mercados. Sem comprar coisa alguma.
Questionado, terá respondido:
“Gosto de ver a quantidade de coisas de que não preciso.”


Por vezes vou aos centros comerciais. Mas não me comparo.

By me 

(...)



By me

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

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Se eu tivesse a mais pequena ideia do que ando a fazer neste mundo, já seria rico com palestras e workshops.

Assim…

By me

Onde se fala em dança entenda-se fotografia.

E tudo o resto está perfeitamente certo.

Memória



A questão dos refugiados está na ordem do dia.
São aos muitos milhares, de todos os géneros, credos e idades, que fogem das suas terras, entendendo outras desconhecidas como a salvação à guerra e horror que vivem ou temem.
Enfrentam os mares e as montanhas, os agiotas da salvação e as polícias e arames farpados, fogem como podem e muitos ficam pelo caminho.
As câmaras estão lá, os políticos dizem que estão e os voluntários vão fazendo o que podem para minorar a desgraça alheia.

Não! Não estou a generalizar a questão.
As câmaras, os políticos e as polícias só estão porque os desgraçados estão a entras nas nossa “santa terrinha”. Percorrem as nossas estradas, dormem nos nossos jardins, bebem das nossas fontes, cruzam as nossas fronteiras, procuram a nossa comida. As nossas!
Porque quando os refugiados estavam lá, quando as fugas da desgraça e da guerra acontecia apenas lá, entre países igualmente pobres e desgraçados, os repórteres não viajavam com as câmaras, os políticos faziam vista grossa e os polícias dormiam nas casernas.
Não me recordo de ver tamanha cobertura mediática nem tantos discursos de gente poderosa sobre as migrações de gente a fugir de guerras quando acontecia apenas dentro do continente africano ou asiático.

Mas talvez eu tenha má memória.

By me

Frustrações



E porque é que bebes?
Para afogar as mágoas.
E consegues?

Não! As malditas sabem nadar.

By me

Cota



Certo!
Já por cá ando há mais de meio século, pelo que o apodo de “cota” não será de todo desajustado.
Em termos de captação e tratamento de imagem, ao já por cá andar há tanto tempo fez com que usasse de quase todos os sistemas e suportes: películas e sensores, químicas e electrónicas, CCDs, CMOS e tubos de raios catódicos, matricial e sequencial, pequenos médios e grandes formatos, estáticos, animados e de alta resolução.
Alguns desses processos tornaram-se com que uma segunda natureza para mim, outros são mais não são que história, outros ainda me são um pouco estranhos, não os dominando por completo. E acredito que quem teve a sorte, como eu, de passar por tantos e tão díspares tenha dificuldade em estar a par de todos e que alguns deles pouco mais sejam que anacronismos curiosos ou tecnologias a dominar.
Por mim, que por dever de ofício ou satisfação da alma, tenho vindo a dominar ou a arranhar todos eles, tenho optado conhecer tão a fundo quanto me é possível o que tenho entre mãos, preocupando-me bem mais com os resultados que com os métodos. Quero “contar uma história”, e bem contada, com a ferramenta que estou a usar, preocupando-me a sério com as últimas tecnologias se e quando elas tiver que usar. Mantenho-me informado mas não as aprofundo como as que estou a usar ou em perspectivas disso.

Uma coisa há, no entanto, que é imutável. Que não depende dos equipamentos ou das tecnologias empregues: a luz. Esta, mais assim ou mais assado, com origem em aquecimento, descargas de gás ou LEDs, continua a ser a emissão e reflexão de energia, que tem uma trajectória rectilínea e um movimento ondulatório, cujas frequências são por nós traduzidas em cores, cuja interrupção na sua trajectória resulta em sombra, com uma intensidade variável na proporção inversa do quadrado da distância, cujo ângulo de reflexão é igual ao ângulo de incidência, e cuja trajectória é alterada pela aplicação de energia ou com materiais que lhe sejam permeáveis.
Mas, e principalmente, é ela que permite o captar imagem, sejam quais forem as tecnologias empregues. É ela que faz com que um dado assunto seja mais “bonito” ou nem tanto. É ela que nos permite contar histórias e estórias.
Nenhum fotógrafo, videógrafo, cineasta, profissional ou curioso interessado ignora que ela é a sua matéria-prima nem a maltrata ou menospreza. Em o fazendo, os resultados são os que vamos vendo, infelizmente, na net, na imprensa, nos receptores.

Sendo esta a minha abordagem – talvez que de cota com mais de meio século – imagine-se como me sinto ao ter conversas com alguns da nova geração que entendem que a imagem se capta “mais ou menos” e que os contrastes, os ajustes das altas e baixas luzes, as sombras, os jogos de cor se tratam depois, desde que se possua uma boa máquina para os processar.
Um bom pós-processamento é vital na produção de imagem. Sempre o foi. E, se outros motivos não existissem, basta pensar que fotografia, vídeo e cinema têm – sempre – que ser objecto desse tratamento. Tanto na edição, como no controlo, na impressão, na etalonnage, nos efeitos especiais…
Mas com má matéria-prima – no caso, má imagem de origem ou má luz – por muito que se esforcem o mais que se consegue é um resultado sofrível. Se tanto. Nem mesmo os últimos avanços tecnológicos conseguem suprir essas falhas.
Dizerem-me que para se fazer uma boa imagem basta um gráfico de luzes e tons, estático ou animado, é o mesmo que me dizerem que para Bruegel ou Leonardo bastava um bom pincel, que para Stanley ou Alfred bastava uma boa película ou que para Helmut ou Frank bastava um bom ampliador.


Serei cota com mais de meio século a arrastar a carcaça mas, para mim, bem mais importante que o como é o porquê. E a luz!

By me

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Do professor



O assunto tocou-me de perto. De muito perto.
Uma pergunta feita num grupo de fotografia:
“Um bom professor de fotografia necessariamente precisa de ser um bom fotógrafo?”
Achei que teria algo a dizer e, sendo que o poder de síntese não é o meu forte, alonguei-me na resposta.
Aqui fica, com uma imagem de arquivo.

“Não creio que assim seja.
Se começarmos por aceitar que um bom professor não é o que ensina mas antes o que ajuda a aprender, centrando a sua actividade na qualidade da aprendizagem do aluno e não na qualidade do ensino do professor, constatamos que o que importa é que os alunos aprendam.
Na aprendizagem importa que existam as dúvidas, provocadas pelo professor ou surgidas naturalmente no aluno. Na aprendizagem importa que haja curiosidade e vontade de esclarecer as dúvidas, junto do professor ou no restante do mundo.
O papel do professor é, e para além de fornecer, disponibilizar e fomentar os conhecimentos e competências no aluno, o de o levar a procurar o seu próprio caminho, mesmo e principalmente contestando o professor. De preferência, ir mais longe que ele.
Conheço alguns bons fotógrafos que dão aulas, que nada percebem de pedagogia e que são incapazes de levar os seus alunos ou aprendizes tão ou mais longe que eles mesmos.
E conheço alguns professores de fotografia que, sendo medianos fotógrafos, sentem prazer ao serem ultrapassados pelos alunos/aprendizes. São estes que nunca esquecemos com o passar dos anos.
Encontrar alguém que conjugue a excelência nos dois campos é coisa rara.


Os meus cinco cêntimos.”

By me

Um frame



Não! Esta imagem não foi feita por mim. Bem que gostaria, mas não foi.
Trata-se da silhueta de Peter Sellers, num filme realizado por Hal Hashby e com direcção de fotografia de Caleb Deschanel, em 1979. De seu nome “Being there”, em português “Bem-vindo, Mr. Chance”.
O filme, em si, é estranho, tranquilizadoramente estranho. E este frame, que faz parte de um plano com 10 segundos, talvez, é provavelmente a chave para desencriptar o enredo. Este e o plano final.
Consigo imaginar o trabalho em o fazer, as tentativas em se obter este resultado e as certezas do director de fotografia numa época em que não havia digitais nem registos vídeo a partir da câmara de cinema facilmente acessíveis. Experiência e fotómetro, apenas.
Mais que todo o resto do filme, em que a sequência de imagens é a expectável perante o enredo, sem grandes aventuras ou brilhantismos, esta em particular resulta sem sombra de dúvida daquilo que venho defendendo há anos:
“Se eu souber porquê, sei como”.

Gostava de o ter feito.

By me

terça-feira, 25 de agosto de 2015

Numa rede social



Numa rede social recomendam-me uma outra página. A de um artista musical.
A fotografia de entrada e de capa é esta. Fotografia icónica.
Não sei se quem a escolheu sabe realmente a sua história. É esta:

Aquando da Comuna de Paris, uma revolta popular e política em 1871, que durou pouco mais que dois meses e em foi criado um governo popular e operário, os fotógrafos de então vieram para a rua fotografar. Os repórteres de então.
A cidade ficou muito danificada com os bombardeamentos das tropas institucionais e as lutas aconteceram nas barricadas levantadas nas ruas. Foi um massacre.
Claro que os cidadãos revoltosos se deixaram fotografar a fazer aquilo em que acreditavam, nas barricadas e de armas na mão. Orgulhosos do que faziam e orgulhosos de serem objecto de fotografia, coisa rara e reservada a uma classe abastada.
Em tendo sido abafada a revolta, as tropas e polícias vitoriosas rebuscaram os laboratórios dos fotógrafos, identificaram os rebeldes, prendendo-os e fuzilando-os.
Esta fotografia é a de alguns desses revoltosos.
E foi feita por Desidéri.


Repare-se que esta fotografia e sua história tem quase 150 anos. De então para cá, são inúmeras as situações em que a fotografia tem sido usada como testemunho e justificação para actos deste calibre. Em todas as épocas, em todos os continentes e em todos os regimes.

By me 

Devaneio nocturno



Não gosto de dizer “É assim que se faz!”
Esta afirmação, explícita ou implícita, é o expoente máximo da arrogância de se possuir a verdade absoluta. Que eu não tenho.
Prefiro, antes sim, dizer ou mostrar como eu faço. Mostrar a “minha” verdade, considerando sempre que existem muitas outras verdades, tão válidas quanto a minha, mesmo que não conduzam ao mesmo resultado.
Ontem a conversa acabou por versar sobre imagens nocturnas. O que são e como o mostramos. E não tive oportunidade de fazer uma imagem e sobre ela escrever que consubstanciasse a minha verdade.
Recorro, por isso, a uma imagem e texto já com algum tempo.
Da validade da minha verdade e dos pressupostos que a ela conduzem aquilatará quem o ler.
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Só mesmo para iluminar alguns aspectos:
A “noite” urbana não se caracteriza, ao contrário do que geralmente se pensa, por “falta de luz”.
O que acontece é um muito acentuado contraste entre o que está iluminado e o que não está.
Montras, candeeiros, faróis, são fontes de luz cujas origens vemos e para as quais olhamos. A luz que delas emana não é suficiente para nos encandear mas suficiente para derramar alguma sobre as zonas circundantes. As mais distantes recebem tão pouca ou quase nenhuma que dizemos estarem na escuridão.
Essa escuridão é muito mais notória nos sistemas de captação de imagem que nos nossos olhos. Estes têm um “automático” que se ajusta quase que instantaneamente a esses contrastes, coisa que as câmaras (digitais ou de película) não fazem.
A técnica, ou o truque, na fotografia nocturna não é mostrar tudo quanto os nossos olhos vêm, mas antes evidenciar a existência desse contraste, permitindo que algumas zonas tenham luz suficiente para que seja visível o que lá está e tirar partido das zonas mais escuras, mostrando-as como tal. É este equilíbrio que é difícil!
Temos, assim, que muitas vezes para fazer fotografia nocturna não necessitamos de usar longos tempos de exposição para que haja detalhe nas zonas escuras. Basta que as deixemos como tal e que mostremos os detalhes nas zonas claras. E é esse contraste que nos dirá, espectadores, que se trata de uma imagem de noite.
Logo, se não usamos sempre tempos demasiadamente longos, não necessitamos sempre de recorrer a um tripé (que se quer pesado e sólido). Alguma firmeza de mão, algum eventual apoio para a reforçar (esquina, candeeiro, ombro amigo, “corrente de autoclismo”) e a coisa resolve-se sem mais complicações.
Antes de mais, o que importa é saber o que queremos mostrar ou, por outras palavras, que história ou estória queremos contar. “Se eu souber porquê, sei como”, como costumo dizer.
Em seguida, há o sabermos tirar partido daquilo que temos connosco para fotografar. Se não existe tripé, não adianta querer fazer tempos longos, pelo que haverá que encontrar outras soluções, mesmo que uma delas seja o “não fotografar”. Ou, se a câmara não permite tempos longos manualmente, saber enganar o programa nela inserido (o tal japonês inteligente) por forma a obtermos o resultado desejado e possível.
A título de exemplo, fica esta imagem.
ISO 400, não muito alto portanto, em modo “Programa” deixando o “japonês” a pensar, e com um ajuste de -3 EV, para forçar que o que estava na escuridão, ou quase, assim ficasse. Tempo de exposição 1/30 de segundo, perfeitamente compatível com o uso da câmara à mão sem suportes adicionais ou muletas de ocasião.
Já o balanço de brancos “WB” foi deixado em “luz de dia”, fazendo com que a iluminação ficasse amarelada ou esverdeada, factor subjectivo extra para que se tenha a percepção de se tratar de uma fotografia nocturna com a luz artificial de um local público.



Os meus cinco cêntimos

By me

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Códigos de conduta



Imagine que está num jardim.
Num recanto, não muito exposto, encontra para lá dos arbustos um casal que se beija apaixonadamente.
O cenário é idílico, a luz fabulosa, a pose fantástica. E, não resistindo, faz umas fotografias. Que, mais tarde em casa, constata serem particularmente boas, daquelas em que tem orgulho em ter feito.
Não resistindo a uns quantos de possíveis likes, bem como a uns comentários elogiosos, publica uma ou duas numa rede social. E o que espera é ultrapassado, que a qualidade das fotos é mesmo boa, e é partilhada por diversos amigos.
Uns dias depois, numa página interior de um jornal, vê a notícia de um suicídio, acompanhado de uma fotografia. Reconhece, de imediato, aquela que havia fotografado e vai ler o texto. O marido dela havia descoberto que ela tinha uma relação extra conjugal através das fotografias que você havia feito e divulgado.

Estranha esta história? Inventada? Nem tanto.
Por aquilo que li, é mais ou menos o que está a acontecer com a divulgação on-line dos dados de uma empresa que se dedica a proporcionar aventuras fora do casamento. Naquilo que li, já há dois suicídios ligados com isso.

Quando fotografar alguém desconhecido, pense que está a fazer um registo de uma existência da qual nada sabe e que a sua fotografia pode alterar radicalmente.
A chamada “fotografia de rua” é isso mesmo, apesar de ter o apodo de “arte”.



A imagem? A que acompanha o artigo de jornal que referi.

By me

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Falar sobre fotografia é fácil. Eis um exemplo:
Fotografia, fotografia, fotografia, fotografia, fotografia.
Falar sobre técnica fotográfica também é fácil. Veja-se:
Aberturas, tempos de exposição, profundidade de campo, resoluções, software, distâncias focais, distâncias hiperfocais, contrastes, luz…
Falar sobre o que nos vai na alma é igualmente fácil. Observe-se:

Fotografia, fotografia, fotografia, fotografia.
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Fotografia:
Aquela coisa cara, complicada, penosa e socialmente recomendável que medeia entre aquilo que vês e aquilo que mostras.

E, se não tiveres prazer em o fazer, completamente inútil.

Salto alto



Um dia alguém, no mundo virtual da web, disse que eu gostava de fotografar lixo.
Cumpre-me dizer que tal não é verdade.
Se o fosse, teria muito para fotografar em aterros sanitários, centrais de recolha de resíduos sólidos urbanos e afins. Teria já tido, certamente, profícuas conversas com os técnicos camarários, bem como aqueles que recolhem o lixo com os camiões, para saber quais as zonas mais “rentáveis”, tanto em termos de quantidade como de qualidade. Também já teria acompanhado os catadores de lixo, na sua triste azáfama diária, tentando perceber quais os seus critérios e quais os prédios ou ruas, das suas rondas, que mais proveitos lhes trazem. Provavelmente também teria já andado de caixote em caixote, abrindo as tampas e revolvendo os seus conteúdos, preparado para captar o “brinde” do dia.
Nada disto fiz e, acrescento, não tenho intenções de o fazer.
Aquilo que vai acontecendo é o eu ir tendo atenção ao que me cerca, umas vezes olhando para baixo, outras para cima, muitas vezes surpreendido com a originalidade do que se pode encontrar ao abandono nas ruas. Não forçosamente na categoria de lixo ou jogado fora, mas tão só abandonado.
Este meu interesse surgiu, se bem me recordo, de ter “tropeçado” num montão de roupa transbordando de uns sacos, encostados a um automóvel, bem afastado de qualquer contentor de lixo.
Consegui logo ali, entre o ver, o captar e o olhar de novo, conceber três ou quatros motivos para que tão insólito monte ali estivesse: uma mudança de domicilio e um esquecimento; uma desavença conjugal; o roubo de um apartamento…
De então para cá ficou-me o hábito e o divertimento. Em particular com calçado.
É daquelas coisas que não se jogam fora por dá cá aquela palha. Mesmo que já fora de moda, sempre se vão guardando, desde que usáveis, para uma outra estação ou moda. E mesmo os de criança, em ela crescendo, acabam por ser usadas por uma outra, da família ou não, com pé mais pequeno.
É que, e para além do preço do calçado, mesmo considerando as feiras de rua, sempre se fica com alguma afectividade para com aquilo que nos protege os pés. E se um sapato novo, por muito pouco que a tal se dê importância, é sempre um momento “diferente”, usar um sapato velho já feito ao pé é uma sensação de conforto à qual não damos por demais atenção, excepto quando algo corre mal.
A cada sapato, ou par de sapatos, que vejo abandonados na rua, atribuo uma qualquer estória, desde viagens a trabalho, de festas a desporto, de romances a raiva.
Conseguis imaginar este par a ir, ainda por estrear, a uma festa, a uma discoteca ou casa de alguém? E uma segunda ou terceira até ter entrado na categoria de “já não são novos” e passarem a transportar e suportar a sua dona no quotidiano de ir, estar e regressar do trabalho? Conseguis imaginar quem os usou a olhar pela janela, de manhã, e tentar adivinhar se irá ou não chover e se os pode ou não usar? Conseguis imaginar uma qualquer amiga mais íntima, ou bem pelo contrário, a constatar que os sapatos são novos e como lhe ficam bem (ainda que possa haver ironia na observação)? Conseguis imaginar estes sapatos, lado a lado, e de frente para uns outros masculinos, por sob uma mesa de um restaurante?

Acontece que raramente conto o que passa pela cabeça quando os vejo e fotografo. Acho que tem muito mais interesse deixar esse aspecto para quem quer que veja a imagem, usando a sua própria imaginação e experiências de vida para construir uma estória. É que, afinal, quem calça o sapato é que sabe onde lhe aperta!

By me

Excerto do livro “Introdução à análise da imagem”, de Martine Joly




“…
Trata-se de uma passagem do livro “O foi do horizonte” de António Tabucchi, em que a personagem principal, Spino, tenta encontrar a identidade de um morto graças a uma fotografia que subtraíra da sua carteira.

Em casa instalou tudo na cozinha para trabalhar mais à vontade do que no cubículo onde tem a câmara escura. Durante a tarde tratara de arranjar os químicos e comprara uma tina de plástico numa secção de jardinagem dos grandes armazéns. Conseguiu um rectângulo de luz de trinta centímetros por quarenta e inseriu o negativo de reprodução que mandara fazer num laboratório de confiança.
Imprimiu toda a fotografia, deixando o ampliador aceso uns segundos mais que o necessário porque a reprodução estava sobre-exposta. Na tina do revelador os contornos pareciam custar a delinear-se, como se uma realidade passada e longínqua, irrevogável, resistisse a ser ressuscitada, se opusesse à profanação de olhos curiosos e estranhos, se negasse a despertar num contexto que não lhe pertencia. Sentiu que aquele grupo familiar se recusava a voltar ao palco das imagens para satisfazer a curiosidade de um estranho, num lugar também estranho, num tempo que já não é o seu. Percebeu igualmente que estava a evocar fantasmas, que estava a tentar extorqui-los com o ignóbil estratagema da química, numa cumplicidade forçada, num compromisso equívoco a que eles, vítimas ignaras, se tinham prestado com uma pose improvisada diante de um fotógrafo de então.
Torpe virtude a dos instantâneos! Sorriem. E aquele sorriso é agora para ele, mesmo que não queiram. A intimidade de um instante irrepetível da vida deles pertence-lhe agora, dilatado no tempo e sempre idêntica a si mesma; pode vê-la quantas vezes quiser, pendurada numa corda que atravessa a cozinha, a escorrer. Um risco em diagonal, que a sobrexposição acentuou desmesuradamente, atravessa de lado a lado os corpos deles e a paisagem deles. É o risco involuntário de uma unha, a inevitável corrosão das coisas, o vestígio de um metal (chaves, relógios, isqueiros) com o qual aqueles rostos coabitaram em bolsos e gavetas? Ou será a marca voluntária de uma mão que queria apagar aquele passado?
Mas, seja como for, aquele passado está agora num outro presente, expõe-se sem querer a uma decifração. É o alpendre de uma casa modesta de subúrbio, os degraus são de pedra, enrolada num dos pilares cresce uma trepadeira enfezada, florida de campânulas claras; deve ser verão: adivinha-se uma luz ofuscante e os fotografados têm roupas leves.
O rosto do homem tem uma expressão surpreendida e, ao mesmo tempo, indolente. Está de camisa branca, com as mangas arregaçadas, sentado por trás de uma mesinha de mármore, e tem à frente um jarro de vidro, a que está encostado um jornal dobrado. Decerto estava a ler, e o improvisado fotógrafo chamou-o para o fazer erguer os olhos.
A mãe vem a transpor a soleira da porta, entrou na fotografia por acaso e nem sequer deu por isso. Tem um aventalinho às flores, o rosto é magro. É ainda jovem, mas a sua juventude parece já passada.
As duas crianças estão sentadas num degrau, mas afastadas, alheias uma à outra. A menina tem duas tranças queimadas pelo sol, óculos com aros de massa, usa tamanquinhos. No regaço tem uma boneca de trapos. O rapaz está de sandálias e calções. Tem os cotovelos sobre os joelhos e o queixo apoiado às mãos. Um rosto redondo, uns cabelos em que brilham alguns caracóis, uns joelhos sujos. Do bolso dos calções emerge a forquilha de uma fisga. Olha em frente, mas os seus olhos perdem-se para lá da objectiva, como se seguisse uma aparição no ar, algo que escapa aos outros fotografados. Olha ligeiramente para cima, as pupilas indicam-nos sem qualquer possibilidade de erro. Talvez esteja a olhar para uma nuvem, para a copa de uma árvore.
No canto da direita, onde o terreno se prolonga num caminho empedrado, sobre o qual o telhado do alpendre desenha uma escada de sombra, distingue-se o corpo enroscado de um cão. O olho do fotógrafo, desatento à presença dele, apanhou-o por acaso no enquadramento e a fotografia corta-lhe a cabeça. É um cachorro com malhas pretas que pode parecer um fox mas é com certeza um rafeiro.
Algo o inquieta naquele instantâneo plácido de desconhecidos; algo que parece esquivar-se à sua decifração: um sinal escondido, um elemento aparentemente insignificante e que, no entanto, pressente ser fundamental. Depois aproxima-se, atraído por um pormenor. Através do vidro do jarro, onduladas por efeito da água, as letras do jornal dobrado a meio que o homem tem à frente dizem: “Sur”. Emociona-se, dá por isso e diz para consigo: a Argentina, estamos na Argentina, porque me emociono?, o que é que a Argentina tem a ver? Mas agora sabe o que os olhos do rapaz estão a fixar. Por trás do fotógrafo, imersa na vegetação, há uma moradia cor-de-rosa e branca. O rapaz fixa uma janela com as persianas fechadas, porque aquela persiana pode entreabir-se lentamente, e então…
E então o quê? Porque é que estás a inventar nesta história? Que diabo está a tua imaginação a inventar fazendo-se passar por memória? Mas justamente naquele instante, não em ficção, bem real dentro de si, uma voz infantil chama distintamente: Biscoito é o nome do cão, não pode ser outra coisa. 
…”


Imagem: by me

domingo, 23 de agosto de 2015

Mais um pôr-do-sol



A fotografia tem a peculiaridade de, além de exprimir os sentimentos de quem fotografou, provocar sentimentos em quem a vê. E talvez este seja o aspecto mais interessante: o poder de uma fotografia em contar uma história.
Esta é a fotografia de um pôr-do-sol. Mais um pôr-do-sol dos muitos que nesse dia terão sido feitos. E mais um dos milhões que têm sido feitos, desde que a fotografia pôde fazê-lo.
Sobre esta fotografia pouco vos direi. Deixo ao vosso critério e imaginação o criar uma história em torno dela, de acordo com as vossas próprias memórias e vivências.

Até porque se vos dissesse que na sua origem esteve o rico vocabulário português no que toca a apodos, impropérios e piropos, dificilmente me acreditariam.

By me 

Sobe ou desce?



Uma fotografia que me apeteceu fazer, enquanto fumava dois terços de um cigarro, que não havia tempo para mais.

Mas também uma fotografia que me permite perguntar à geral: Acabei de descer e olho para trás ou dobro a esquina e ainda vou subir?

By me 

sábado, 22 de agosto de 2015

História

À Lá Minuta
Enquanto tiver saúde


Das duas uma



Ouvir a sirene dos bombeiros duas vezes no mesmo dia e com menos de uma hora de intervalo só pode significar uma de duas coisas:
Ou bem que têm o relógio avariado e as doze horas acontecem repetidamente;

Ou bem que a coisa está complicada aqui na zona.

By me

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É triste ver como tantos se preocupam com a limpeza das roupas e tão poucos com a da alma.

O cágado



Quis escrever sobre o assunto que se segue.
Ainda não tinha chegado sequer a um quinto do queria contar e explicar e já ia com mais de 6.000 palavras escritas. Incomportável para este género de suporte e público. Ninguém lê, em redes sociais, trinta mil ou mais palavras.
Reformulo então o que queria dizer, recorrendo a uma piada velha que ouvi a um igualmente velho Mestre:
“Há vinte anos que ando a tentar ensinar o meu cágado a fotografar e não consigo!”
Referia-se ele, com isto, à dificuldade que sentia com alguns alunos em chegar aos resultados definidos. E isto porque a motivação desses era menos que mínima e a linguagem comum era quase inexistente. Mas nunca desistiu e sempre conseguiu levar o grupo e cada um deles a bom porto. Ou, pelo menos, a porto seguro.
Efectivamente, o trabalho de um professor ou formador começa por aquilatar dos interesses e motivações de quem aprende, usando-os ou fomentando-os. E afinar o seu próprio trabalho com eles em função de cada um e do colectivo, sendo capaz de usar de uma linguagem e cultura que entendam e que resulte em aprendizagem.

Se o interesse sobre os conteúdos ou sobre quem os disponibiliza for nulo… vinte anos de formação sobre uma mesma matéria serão inconsequentes.

By me 

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

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Quero dar uma volta completa na forma como faço fotografia.

Procuro uma objectiva que faça 360º.
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Na estante



Olhei assim de repente para uma zona de uma estante aqui por casa e assustei-me.
Está um pouquinho mais caótica que aquilo que eu próprio aceito.

Quem sabe se um destes anos a arrumo?

By me

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A notícia conta-nos que foi encontrada morta uma mulher de 47 anos, num prédio junto ao elevador, em Lisboa.
Também nos diz, a meio do texto:
“A PSP encontrou também um homem de 19 anos, que tinha sido retido por populares, que o encontraram na mesma rua coberto de sangue.”

A minha questão é simples:
Se no lugar de 19 anos tivesse, digamos, 25 anos e fosse ele a vítima, será que o tratariam por “homem” ou por “jovem”?
As classificações que são dadas a pessoas por jornalistas (idade, etnia, profissão, origem geográfica) variam muito convenientemente em função do conceito de “bom” ou de “mau” que lhe querem atribuir. Sub-repticiamente.

Já o código deontológico do jornalista é aquele livro que tem a espessura certa para equilibrar a mesa-de-cabeceira que tem uma perna partida.
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