O
dia estava bonito. Demasiadamente bonito para que me fosse enfiar num centro
comercial ou café de má morte para poder usar de uma mesa onde fosse, p’la
quarta ou quinta vez, tentar abordar um tema que me anda a cutucar desde há uns
dias.
Acabei
por optar por um café que conheço, ali na Av. João XXI, que sei de janelas
rasgadas o suficiente para parecer estar na rua mas protegido da aragem
frescota que se levantava.
Entrei,
sentei-me, pedi, recebi e tentei, uma vez mais sem sucesso, fazer o que queria.
Enquanto
por ali estava, entraram três pessoas: a que me pareceu ser a mãe e as que pareciam ser as filhas, duas petizes de
tenra idade e gémeas. E, p’la forma como foram saudadas e falaram com os
empregados, seriam moradoras na vizinhança e clientes habituais.
O
desejo da tarde era gelado. Que foi satisfeito, um para cada uma. E se a mãe
deu conta do dela de forma habitual, tal como uma das catraias, a outra ia
repartindo o gelado p’lo interior e exterior da boca. A ponto de um outro
cliente, talvez também habitual, ter reparado.
A
resposta da mãe foi explícita: que era o costume, que aquela fazia sempre
aquilo, ao contrário da outra.
O
cliente (talvez que outro, não posso precisar) sugeriu que uma fotografia das
duas seria engraçado, mostrando o contraste da decoração facial.
E
eu, que já tinha fechado a loja e pedido a conta, apercebo-me do sorriso, meio
forçado, meio amarelo da mãe, sem que retorquisse ao desafio.
E
foi um daqueles impulsos que tanto podem correr bem como mal: ou aceites ou
mala na cara!
Tirando
a minha câmara do bolso, ofereci-a à mãe para que a usasse. Hesitou, sorriu,
mostrou-me o telemóvel que não faz fotografias e insisti. Insisti e fiz questão
que fosse ela mesma a fazer a fotografia.
Em
tendo recebido de volta a câmara e confirmado que a foto estava engraçada,
restou pedir-lhe o e-mail para que lha enviasse. O que aconteceu mesmo antes de
ela ter chegado a casa, suponho. Que foi questão de tornar a ligar o portátil e
tratar do assunto.
A
minha grande dúvida nesta história é que não sei o que foi maior: se a surpresa
dela com a oferta se a minha satisfação com o seu sorriso quando a viu. Mas
como sou egoísta, estou em crer que o meu prazer em a fazer sorrir tenha sido
maior.
Quanto
à fotografia propriamente dita, espero que não estejam a contar que aqui a exiba.
É um privado, tão privado, que só os envolvidos a podem ver.
Em
alternativa fica esta, que de comum com a história tem o chocolate e o ter sido
feita de propósito para a ilustrar.
By me
1 comentário:
Caro J.C. Duarte,
É por estas e por outras que eu gosto de vir até aqui ao seu blog! E por esse arriscar que também o admiro.
Cumprimentos,
Joel Mota
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