terça-feira, 9 de agosto de 2011

Uma homenagem



Comprei um livro.
Nada de especial neste acto, até porque é daqueles que vou fazendo amiúde, de acordo com as vontades e disponibilidades.
Confesso que não o tinha previsto. A pilha dos que tenha ainda por ler é enorme e, sendo que não os estou a guardar para a reforma, nem sei como os conseguirei ler todos.
O que fez esta compra sair da normalidade foi ter sido feita num moribundo. Melhor dizendo, a uma moribunda. Numa livraria de longos anos de comercio e edição e que está em processo de encerramento. Tanto ou tão pouco que, ainda que tenha a porta aberta, tem um aviso afixado informando que não estão a aceitar encomendas de livros escolares. “Aguardamos instruções dos proprietários”, acrescenta o aviso.
Não resisti, quando por ela passei, a segunda vez em pouco tempo. Entrei, dirigi-me ao balcão e perguntei pela secção de fotografia.
“Temos pouca coisa, muito pouca coisa, ali na secção de artes.” Disse um dos dois funcionários que ali estavam. Num tom de desistência de cortar o coração!
Era, de facto, escassa a área ocupada. Mas acabei por trazer um outro, de crónicas de repórteres de imagem. Interessante o tema.
Decisão tomada, enquanto segurava a porta de saída para que uma mãe e o seu petiz entrassem: “Este não vai ficar à espera!”
O mínimo que posso fazer por uma livraria que está para fechar é consumir realmente aquilo que lá compro. De pouco servirá a todos o editores e livreiros, donos ou empregados, que estão a ver a vida a andar para trás. Não posso comprar toda a existência e, provavelmente, de pouco lhes serviria.
Mas é uma homenagem, privada, íntima, que lhes faço.
Fica o relato e a sugestão implícita.

Texto e imagem: by me

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