quinta-feira, 11 de agosto de 2011

De outros tempos



Quando, ainda estudante liceal, quis comprar uma câmara fotográfica, várias foram as condicionantes.
Desde logo o orçamento. A família era grande e eu tinha apenas a minha semanada, pelo que haveria de optar por preço de compra e preço de revelações (o laboratório P/B só surgiria anos depois).
Em seguida a portatibilidade. Ainda eu não havia descoberto que mais não significa melhor, mas ajuda. Um modelo de bolso, que pudesse sempre transportar comigo era o que queria.
As opções balançavam entre uma Pentax 110, com um conjunto de três objectivas (normal, grande-angular e tele) e uma Kodak 110 – esta.
A Pentax estava fora de orçamento, por muito que a fosse namorar a uma montra de uma loja a que então chamávamos de D’Artagnan, devido ao aspecto do seu dono. Esta, quando me decido a comprá-la, já tinha sido vendida. E não a encontrei nas outras lojas, que bem procurei por ela.
Acabei por ficar com uma outra, da mesma marca e tipo de película, mas sem a opção de tele-objectiva nem focagem que esta proporciona. Ainda a tenho.
Venho agora a encontrar esta, numa loja de artigos usados (e de origem talvez duvidosa), ali para os lados de São Sebastião.
Dez euros, foi quanto me pediram por ela, e nem discuti. “Está vendida!” foi a minha resposta. Ainda tem a pilha, se bem que descarregada, não tem verdetes nem fungos (visíveis) e tem um aspecto global óptimo.
Claro está que já não encontro película para ela. Foi deixado de fabricar faz muito tempo. Talvez que se encontrar uma cassete usada mas inteira, corte um filme de 35mm só pelo gozo de a saber a trabalhar.
Em qualquer dos casos, fica a fazer parte da minha pequeníssima colecção, com o secreto desejo de ter sido esta mesma que namorei, a meias com a namorada, numa montra, ali para os lados de Alvalade. Algures há muito, muito tempo.

Texto e imagem: by me

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