quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Sabedoria popular



É particularmente interessante, e triste ao mesmo tempo, constatar alguns comportamentos.
Numa loja que frequento, entrou ao serviço há uns meses uma senhora. Ficou mais ou menos afastada do público, trabalhando na zona de fabrico e numa função de auxiliar. Provavelmente, quem fez esta escolha de funções sabia bem o que estava a fazer.
Mas com o passar dos tempos, com a época de férias e a saída de alguns funcionários, esta senhora passou a ter contacto com os clientes. Numa função de apoio a quem habitualmente o fazia até porque o seu domínio da língua portuguesa era diminuto.
Faça-se um reparo de honra, que muito rápido passou a falar com boa fluência o português, com um vocabulário completo e um sotaque nem por isso muito acentuado. Quanto baste, em principio, para estar atrás do balcão a a lidar com a freguesia.
Um destes dias entrei nessa loja e estranhei a equipa de serviço: para além desta senhora de que falo, uma outra que ainda ali não havia visto. Nada que me incomode, que desde que o preparar da bica e o entregar-me o bolo estejam dentro dos padrões de rapidez e higiene habituais, não sou esquisito. Mas sou cusco ou observador.
A atitude para com a nova colega, por sinal mais velha que ela, é que me surpreendeu. Aliás, incomodou-me!
Aquela mulher que desde que ali está tem vindo a receber ordens ou instruções, passou nestes dias, a ser ela a dá-las. E o tom de comando imperioso com que o fazia para com a outra, nova nestas lides, era de uma agressividade e despotismo que quase me fez entrar na conversa. Nada era comigo, mas estava a bulir com o meu sentido de equidade e justiça.
Paguei e saí, com o secreto desejo de as férias e as folgas terminem rapidamente por ali, que não me apetece voltar a ver coisas daquelas. Aquele espezinhar da colega foi-me intolerável.
Mas fez-me recordar uma velha frase da sabedoria popular, que bem conheço da minha vivência profissional que, com honrosas excepções, é universal:
“Não peças a quem pediu nem sirvas a quem serviu!”

Texto e imagem: by me

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