segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Sempre a subir



O prédio é alto. Bem alto. Aliás, é mais alto ainda nas traseiras que na frente, já que estando construído numa encosta, as caves têm janelas para trás.
Significa isto que colocar todos estes andaimes para re-isolar e re-pintar as paredes é coisa demorada. Tanto mais se pensarmos que os operários são portugueses, apenas quatro e que tem estado calor.
Em tendo chegado à frontaria do prédio, acabo sempre por ficar a observar os progressos, lentos, da obra quando vou ao cafezinho matinal. E por dar dois dedos de conversa com quem aqui trabalha. Piada daqui, brejeirice dali e acabamos sempre por dar umas risadas. Bom para o fígado!
Pois na sexta-feira fiquei sozinho com um, cá em baixo, que os outros andavam lá por cima. E perguntei-lhe quando acabariam a coisa. Talvez no final da semana que vem, disse-me. A colocação dos andaimes, que a pintura não é com estes.
“Seja como for”, acrescentou, “segunda não se trabalha, que é feriado e depois, p’ra mim, são só mais três dias de jorna.”
Fiz as contas e achei estranho.
Com um sorriso de orelha a orelha, esclareceu:
“Sexta-feira fico de molho, que no sábado caso-me. Quem diria que, ao fim destes anos todos a fugir disso, acabo por dar o nó?”
“Muita M*”, desejei-lhe.
“E, já agora”, pensei, “Com mais altos que baixos, que isso de andar a subir e descer já deve estar farto!”

Texto e imagem: by me

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