segunda-feira, 23 de agosto de 2010
Um olhar - Maria Carruma
Não me importo com o que faz na vida: arrumar carros, camiões ou petroleiros.
Ainda que nem sempre se enquadrem na categoria de “esteticamente perfeitos”, desde que me cativem e eu tenha oportunidade, fotografo-os.
Mesmo que seja em troca de um pedido de cigarro ou que tenha que ser a correr, que o companheiro, que está lá ao fundo, pode não gostar.
Depois… Depois vem a pergunta sacramental: “Mas porque é que quer fotografar os meus olhos?”, ao que respondo, sempre sem mentir: “Porque gosto de fotografar coisas bonitas e os seus olhos são muito bonitos.”
O sorriso, ainda que desdentado e encimando uma barriga publicitariamente destapada e já notoriamente grande, foi genuíno. Breve mas genuíno!
Por uns momentos Maria Carruma voltou a ser Maria Bonita. E a carícia que fez no seu ventre repôs os dentes em falta, limpou-lhe as roupas, penteou-lhe os cabelos.
Depois… Depois veio um cliente e ela correu, que há que estar por perto ou não lhe pagam.
Texto e imagem: by me
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