sábado, 14 de agosto de 2010

Fumaças frustradas


É uma daquelas coisas que só um fumador conhece:
Estar numa paragem de autocarro à espera que ele chegue, sem saber bem quando. E a dado passo, para matar a impaciência ou o vício, acender um cigarro.
É garantido: Em mais de 80% dos casos, antes de acabado chega o transporte!
Claro que isto redunda num dilema:
a) Deitar-se fora o cigarro, só meio fumado, o que nenhum fumador faz de bom grado;
b) Esperar pelo autocarro seguinte, gozando todo o cigarro até à ultima, o que nenhum passageiro fará.
Um olhar atento às valetas e passeios juntos às paragens denunciará, sem dificuldade, que a opção generalizada é a a).
Mas qualquer passageiro fumador sabe do dilema e tenta contorná-lo: não acendendo o cigarro enquanto espera ou fazendo-o ainda antes de chegar à paragem. No entanto, volta e meia lá acontece a espera ser maior ou a paciência menor que o habitual e acende-se um cigarrito. Pimba! O bendito autocarro surge ali na esquina, quase que como estivesse à espera de darmos a primeira fumaça.
Qualquer passageiro que fume conhece esta maldição! A ponto de, para tentar tirar partido dela, pensarmos (ou comentarmos de viva voz): “Vou acender um cigarro para que autocarro se despache a apareça.”
Claro está que, quando tal fazemos, o maldito transporte não surge. Tal como não aparece quando decidimos enganar o azar e pensamos: “Está a apetecer-me agora um cigarro. Se o acender, o autocarro aparece. Não o acendo e ele surge na mesma.”
Tretas! Não só não fumamos o cigarrito como continuamos à espera tempos infindos!
É assim que acabo por suspirar por tempos recuados, ainda antes de eu ser fumador, em que se podia fumar no piso de cima dos autocarros, ou na plataforma de entrada, nos de “porta-atrás”.
Quem sabe se, um dia, sucede o mesmo com os autocarros como com os restaurantes: Amigos, amigos, fumaças à parte!

Texto e imagem: by me

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