A – Sou barrigudo
desde antes da adolescência. Como se diria por brincadeira, não é defeito é
feitio. E, mesmo com muito exercício físico, não a consigo eliminar mas tão só
diminuir um pouco.
Por isso, desde
muito cedo, não me dá jeito usar a câmara fotográfica pendurada ao pescoço. O
ela bater-ma na barriga não me é agradável, além de ser mais difícil de a
controlar quando não em uso.
Assim, e desde
sempre, me habituei a transportá-la no ombro. O esquerdo, cujo braço a
controla, deixando a mão direita livre.
B- Uma ocasião
tive uma inflamação no nervo ciático na articulação da coxa.
Estava em serviço
longe de casa e passei três dias de um lado para o outro com um volumoso e
pesadíssimo saco de equipamento fotográfico no ombro esquerdo.
Foi um petisco,
posso garantir. A ponto de ter que ligar a um colega noutro quarto do hotel
onde estávamos para me vir apertar os sapatos.
No hospital para
onde fui levado, depois da longa espera que é apanágio dos nossos hospitais e
dos exames necessários, deram-me uma qualquer injecção milagrosa que resolveu o
problema.
Tal como resolvi
eu não mais usar sacos de um ombro só, pelo menos com bastante “tralha”. A
mochila passou a ser o meu saco de transporte habitual.
C – Sou,
essencialmente, um fotógrafo urbano. As ruas e praças, os transportes, as
pessoas, são o meu habitat. E bem sabemos que qualquer habitat tem predadores.
No caso da urbe são os amigos do alheio, para quem uma câmara fotográfica pouco
protegida é uma presa fácil e apetecível.
Assim que, e por
todos os motivos acima expostos, para além de usar mochila elas possuem um
mosquetão na sua correia esquerda, um pouco abaixo do ombro.
A câmara
fotográfica, pendurada no ombro, tem a sua correia passando por ele. Em havendo
um puxão nela, ou mesmo apenas que ela escorregue, nunca há o perigo de ser
levada ou cair.
Esta técnica
torna-se fácil e barata, permitindo-me nas minhas deambulações não me preocupar
com acidentes ou membros da “CAPA” (Confederação dos Amigos da Propriedade
Alheia).
Há ainda dois
pormenores que facilitam o prender da correia da câmara no mosquetão:
Por um lado,
sempre gostei de correias de câmara finas, sem publicidades. Claro que não
possuem aquela matéria anti-derrapante que tão útil é. Mas são mais fáceis de
enrolar na mão, arrumam-se melhor no saco ou mochila e, neste caso, passam
melhor pela abertura do mosquetão. Em compensação, já são difíceis de encontrar
à venda.
Por outro lado, o
próprio mosquetão tem “truque”. Se se tratar de um dos bons, em aço e passíveis
de serem usados com grandes pesos, a ponta da parte móvel tem um gancho que
prende noutro, na parte fixa onde encaixa. Estes dois ganchos são, regra geral,
empecilhos para o fácil entrar ou sair da correia. Uso dos baratos, sem grande
resistência ou qualidade, mas que não têm esses ganchos. Não queiram saber a
cara dos vendedores quando peço mosquetões de má qualidade.
Em jeito de
conclusão, sempre acrescento que:
A correia direita
da mochila também possui um mosquetão. Útil para me deixar as mãos livres ao aí
pendurar o monopé quando não em uso momentâneo ou garantir a segurança de uma
segunda câmara.
E que quando
procuro uma mochila que me convença para comprar a possibilidade de nela
colocar os mosquetões é um dos factores determinantes.
By me
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